Roger Stone, ex-conselheiro da campanha presidencial de Donald Trump, foi esta sexta-feira considerado culpado de mentir ao Congresso e, assim, obstruir a investigação à interferência da Rússia nas eleições presidenciais de 2016. Em causa estão sete crimes: obstrução à justiça, condicionamento de testemunhas e cinco de prestação de falso depoimento.
Stone, de 67 anos, foi detido em janeiro, após uma ordem do procurador especial Robert Mueller, que é o responsável pela investigação do alegado conluio da campanha republicana com a Rússia. Só que pouco depois foi libertado sob fiança de 250 mil dólares (cerca de 220 mil euros).
Segundo a BBC, o tribunal concluiu que Stone mentiu em setembro de 2017 durante um inquérito sobre a interferência da Rússia nas eleições dos Estados Unidos, um ano antes. Ao todo, terá mentido cinco vezes para proteger a imagem de Donald Trump, designadamente sobre as conversas com representantes do presidente dos Estados Unidos e com um alegado “intermediário” da WikiLeaks em agosto de 2016. Também não terá dito a verdade sobre a existência de algumas mensagens e emails. O condicionamento de testemunhas é punível com uma pena até 20 anos de prisão. Os restantes crimes, com penas de cinco anos cada.
O ex-estratega da Casa Branca, Steve Bannon, testemunhou contra Stone durante o julgamento, garantindo que o arguido se gabava das suas ligações à WikiLeaks e ao seu fundador, Julian Assange.
Segundo o despacho de indiciação, Stone terá “enviado e recebido vários emails e mensagens de texto durante a campanha de 2016, nos quais falou da Organização 1, do seu chefe e da sua posse de emails roubados”.
A tal “Organização” é, alegadamente, a Wikileaks, de Julian Assange. Durante as campanhas presidenciais norte-americanas de 2016, a organização divulgou emails trocados entre membros do Comité Democrata Nacional, nomeadamente Hillary Clinton, e que comprometeram a então candidata presidencial.
Roger Stone terá ainda prestado “várias declarações falsas ao Comité Permanente de Informações da Câmara dos Representantes sobre a sua relação com a Organização 1 e negou, em falsidade, ter registos que continham provas dessas interações”.
O norte-americano é o sexto conselheiro de Donald Trump a ser condenado no âmbito da investigação de Robert Mueller.
Entretanto, o presidente dos Estados Unidos já reagiu no Twitter, considerando que a condenação espelha “padrões duplos de julgamento”. “Então agora querem condenar Roger Stone de mentir e querem prendê-lo durante anos. Bem, e quanto à Crooked Hillary [expressão que usou durante a campanha para se referir a Clinton], Comey, Strzok, Page, McCabe, Brennan, Clapper, Shifty Schiff, Ohr & Nellie, Steele e todos os outros, incluindo o próprio Mueller? Eles não mentiram?”
….A double standard like never seen before in the history of our Country?
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) November 15, 2019