Um pequeno manuscrito de Charlotte Brontë foi adquirido por 780 mil euros pelo The Brontë Parsonage Museum, onde ficará agora em exposição. O museu está estabelecido na antiga casa dos Brontë, em Haworth, onde Charlotte passou grande parte da sua vida.
O caderno é um de vários com edições da The Young Gentlemen’s Magazine, uma revista fictícia criada pelas irmãs Brontë. Existem seis escritos por Charlotte e quatro deles já se encontram na posse do museu inglês. O agora adquirido, com a ajuda de uma campanha de angariação de fundos que reuniu perto de 109 mil euros, segundo a Reuters, foi composto pela autora de Jane Eyre quando tinha 14 anos. Reúne histórias de diferentes personagens da Glass Town, uma localidade inventada a partir dos soldadinhos de chumbo com que Charlotte, Emily, Anne e o irmão Branwell brincavam.
Rare little book written by Charlotte Bronte, aged 14, coming home after the Parsonage Museum's auction success. #JaneEyre #Haworth https://t.co/R0LqAFEyso
— The Long Victorian (@longvictorian2) November 18, 2019
As pequenas folhas encontram-se preenchidas com mais de quatro mil palavras. Uma das páginas fala sobre um assassino que enlouqueceu ao ser assombrado pelas suas vítimas e descreve como “um fogo imenso” dentro da sua cabeça fez com que os cortinados pegassem fogo. Na opinião dos especialistas, esta secção é um “claro percursos” de uma cena de Jane Eyre, romance publicado 17 anos depois.
As irmãs Brontë tinham o hábito de escrever histórias fantásticas em conjunto. Emily e Anne deixaram manuscritos sobre Gondal, um reino imaginário por elas criado. Esta história deu mais tarde origem a uma série de poemas escritos por Emily, num processo semelhante ao que, na opinião dos investigadores, terá acontecido com Jane Eyre.
Para Ed Maggs, que representou o The Brontë Parsonage Museum no leilão, o pequeno manuscrito de Charlotte é “um registo muito evocativo da memória da infância”. Esta foi a segunda vez que o museu tentou adquirir o manuscrito inédito, que esteve à venda em 2011. “É um grande momento conseguir finalmente levá-lo para casa”, disse Maggs, citado pela Reuters. Ann Dinsdale, a principal curadora da instituição, descreveu-o como um “manuscrito único”. “Charlotte escreveu esta revista minúscula para os soldadinhos com que ela e os irmãos brincavam. Caminhando pelas mesmas divisões pelas quais caminharam, parece muito apropriado que volte para casa”, declarou à BBC.