O Presidente da República vai esta segunda-feira almoçar com o general Ramalho Eanes “para simbolizar que o 25 de Novembro é uma data nacional” que, no seu entender, deve ser evocada em “espírito de unidade”.
Questionado se considera que deveria haver uma cerimónia oficial para celebrar anualmente o 25 de Novembro de 1975, Marcelo Rebelo de Sousa respondeu: “Isso é uma decisão que pertence, como sabe, a outras instituições, que podem legislar sobre isso ou tomar decisões sobre essa matéria”.
O chefe de Estado falava aos jornalistas à saída do Espaço Júlia — Resposta Integrada de Apoio à Vítima, em Lisboa, depois de questionado sobre o convite que fez ao antigo Presidente da República António Ramalho Eanes para almoçar esta segunda-feira no Palácio de Belém.
“Convidei o senhor Presidente Ramalho Eanes para simbolizar que o 25 de Novembro é uma data nacional. Quer dizer que, portanto, é uma data que pertence a todos, não é uma data que possa ser fracionada, dividida, objeto de lutas conjunturais”, justificou.
Segundo Marcelo Rebelo de Sousa, Ramalho Eanes “representa, melhor de que ninguém, a unidade do 25 de Novembro, porque foi uma figura central do 25 de Novembro“, do qual saiu vencedora a ala considerada moderada do Movimento das Forças Armadas (MFA), “e porque foi o primeiro Presidente eleito democraticamente em Portugal”, nas presidenciais de 27 de junho de 1976.
Há um consenso nacional em torno do Presidente Eanes. É o mesmo consenso que eu penso que deve existir em relação às datas maiores da nossa vida democrática. Devem ser consideradas como datas que pertencem a todo o país, a todos os portugueses, e não a grupos, a fações, a setores menores ou maiores dentro do país”, defendeu.
Interrogado se estava a referir-se ao partido Chega, o chefe de Estado retorquiu que “o 25 de Novembro existe há muito tempo, desde 1975”, acrescentando: “E eu sempre pensei que o 25 de Novembro devia ser evocado nesse espírito de unidade”.
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Sem responder se considera ou não que esta data deveria ser celebrada com uma cerimónia oficial anual, Marcelo Rebelo de Sousa afirmou querer deixar uma chamada de atenção: “Que ninguém tente apropriar-se de datas nacionais: nem do 25 de Abril, nem do 5 de Outubro, nem do 10 de Junho, nem também, noutro plano, do 25 de Novembro”.
Os acontecimentos do 25 de Novembro de 1975, em que forças militares antagónicas se defrontaram no terreno, e sobre os quais não há uma versão consensual, marcaram o fim do chamado Processo Revolucionário Em Curso (PREC).