A 12 de dezembro o Reino Unido volta a eleições e do resultado eleitoral pode depender o futuro de uma estação pública de televisão. Trata-se da Channel 4, cuja licença de serviço público pode vir a ser revista se o Partido Conservador — liderado por Boris Johnson — vencer o sufrágio eleitoral. O motivo? Uma brincadeira provocadora que irritou o núcleo duro do partido do atual primeiro-ministro, admitem alguns jornais britânicos.

A tensão começou com a reação do Channel 4 à recusa de Boris Johnson em participar num debate da estação televisão sobre as alterações climáticas. Não podendo contar com o ainda primeiro-ministro e candidato às eleições no debate, a estação colocou na sua cadeira vazia uma espécie de escultura de gelo — e fez o mesmo para o lugar de Nigel Farage, do Partido do Brexit, também vazio pela recusa deste em participar.

[O apresentador, os participantes e as esculturas de gelo no lugar dos dois ausentes:]

Chegou a especular-se que a escultura seria uma representação em gelo do próprio primeiro-ministro e de Nigel Farge, de acordo com o jornal britânico The Guardian, mas os planos da estação de televisão passaram por substituir os ausentes por esculturas de gelo mais rudimentar, sem semelhanças com as figuras dos dois políticos.

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O The Guardian cita mesmo uma fonte do Partido Conservador que confirmou que a licença de serviço público de difusão da estação, que termina em 2024, poderá ser revista. A confirmação surge depois de um rumor lançado nesse sentido pelo site BuzzFeed News, que avançou que os “tories” tencionavam “perceber se a licença poderia estar melhor orientada para servir o público da melhor maneira possível”. A própria dimensão pública da estação e a sua existência estão previstas na lei britânica, mas a legislação “pode ser alterada pelo parlamento”, lembra o The Guardian.

[Veja aqui o debate na íntegra:]

A recusa de Boris Johnson em participar parece inserir-se numa estratégia do ainda primeiro-ministro e candidato às eleições britânicas de se expor o mínimo possível em entrevistas e debates. Johnson, por exemplo, é o único líder que ainda não terá acordado com a também estação pública britânica BBC uma data para ser entrevistado por Andrew Neil — uma das mais figuras mais temida pela sua dureza em entrevistas a políticos.