O presidente da Câmara de Ribeira de Pena, João Noronha, anunciou esta sexta-feira que a Iberdrola vai pagar mais 1,4 milhões de euros de indemnização às famílias afetadas pela construção da barragem de Daivões.

“Estamos a falar de bastante valor. Neste momento, não vou poder referir se a pessoa A, B ou C vai receber 30 ou 40 mil euros, mas posso-lhe referir que, das últimas conversas com a Iberdrola, estamos a falar de valores muito próximos dos 1,4 milhões de euros, no total, de compensação adicional ao valor que as pessoas já receberam da empresa”, afirmou o autarca daquele município do distrito de Vila Real.

No Porto, João Noronha, que esteve reunido durante a manhã com representantes da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), da Iberdrola e da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N), revelou ainda que dos 43 casos de famílias que terão de ser deslocadas devido à barragem, 38 já foram resolvidos.

A reunião tem por objetivo encontrar uma solução para o realojamento de famílias afetadas no concelho de Ribeira de Pena por força da construção da barragem de Daivões, incluída no Sistema Eletroprodutor do Tâmega.

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Por resolver estão ainda seis situações que dizem respeito a famílias que até ao momento ainda não encontraram uma solução de realojamento e às quais a Iberdrola ofereceu realojamento temporário em pré-fabricados.

“A questão ainda carece de mais algum estudo, mas há indícios de que podemos vir a encontrar uma alternativa para aquela solução inicial”, sublinhou o presidente de Ribeira de Pena.

Na reunião de 18 de novembro, o autarca tinha deixado claro que, mesmo como medida transitória de dois ou três anos, a câmara não aceitaria esta solução, por entender que não responde ao que consideram ser “condições mínimas” para receber os moradores.

À data, em comunicado enviado ao final do dia, a Iberdrola esclareceu que os pré-fabricados “são habitações devidamente certificadas, que asseguram o conforto dos moradores”.

Os “pré-fabricados” foram colocados no Largo da Feira, no centro da vila, numa área cedida pela autarquia, estando a elétrica a oferecer também “soluções que permitam aos habitantes dispor de um pequeno terreno, para que assim possam continuar a cultivar e a manter os seus animais”.

Para além destas medidas, a Iberdrola acordou com autarquia que assumirá o custo da urbanização dos lotes destinados a realojamentos de habitantes interessados nesta solução, caso a Câmara disponha de um terreno que viabilize a construção das habitações.

Em declarações aos jornalistas, no intervalo da reunião desta manhã, João Noronha disse acreditar que vai ser possível fechar, ainda esta sexta-feira, um acordo com a Iberdrola que ajude a minorar os “constrangimentos” causados.

“Também temos aqui um princípio de acordo com a Iberdrola que irá suportar os custos, pelo que esta reunião está a ser bastante positiva, no sentido de encontrarmos a melhor solução para minorar o constrangimento que foi causado a estas pessoas. Estamos a falar de 43 famílias que vão ver as suas casas desaparecer”, referiu.

A albufeira de Daivões terá uma superfície de 340 hectares e, segundo a Iberdrola, esta albufeira é necessária para o funcionamento das centrais de Daivões e Gouvães.

Neste momento, a empresa dá emprego a cerca de 1.800 pessoas nestas duas obras, das quais perto de 370 são dos municípios da região.

O Sistema Eletroprodutor do Tâmega (SET) engloba as barragens de Daivões, Gouvães e Alto Tâmega e é um dos maiores projetos hidroelétricos realizados na Europa nos últimos 25 anos, com 1.500 milhões de euros de investimento.