A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, manifestou-se esta quarta-feira “preocupada com os recentes desenvolvimentos em Malta” e disse esperar que os responsáveis pela morte da jornalista Daphne Caruana Galizia “sejam levados à Justiça o mais rapidamente possível”.
Numa conferência de imprensa na sede do executivo comunitário, em Bruxelas, para dar conta da primeira reunião do seu colégio de comissários, que entrou em funções no passado domingo, Von der Leyen fez questão de se referir à situação em Malta, para reforçar a mensagem da Comissão Europeia no sentido de que a investigação ao assassinato de Daphne Galizia deve ser levada a cabo de forma “exaustiva e independente”.
“Eu estou preocupada com os recentes desenvolvimentos em Malta. Estamos a seguir a situação muito de perto. Para ser muito clara, nós condenamos veementemente o assassinato da jornalista Daphne Galizia. Foi um ataque à liberdade de imprensa, que é a fundação da nossa sociedade livre e democrática. Os jornalistas devem sentir-se seguros a trabalhar na Europa, pois caso contrário a democracia, como a conhecemos, estará sob ameaça”, declarou.
Escusando-se a comentar “investigações nacionais em curso”, a presidente da Comissão disse todavia esperar “que haja uma investigação exaustiva e independente, livre de quaisquer interferências políticas”.
“A Europol está em Malta, a prestar apoio às autoridades maltesas. É crucial que todos os responsáveis sejam levados perante a justiça tão rapidamente quanto possível. A Comissão também está em contacto com as autoridades maltesas sobre as reformas do sistema judicial, e vamos continuar a trabalhar com as autoridades no sentido de acelerar estas reformas”, concluiu.
Primeiro-ministro de Malta vai demitir-se por alegadas ligações a morte de jornalista
Esta semana, a comissária europeia da Justiça, Vera Jourova, já falara ao telefone com o ministro da Justiça maltês para reclamar uma investigação “sem interferência política”, depois de a chefe da missão do Parlamento Europeu (PE) a Malta ter manifestado dúvidas quanto à credibilidade do governo neste processo.
Vera Jourova, que é igualmente vice-presidente da Comissão Europeia, “manifestou a sua preocupação com a situação em Malta” e “insistiu que o inquérito deve ser conduzido até ao fim sem nenhuma interferência política“, disse um porta-voz sobre a conversa telefónica, que ocorreu na segunda-feira.
O primeiro-ministro de Malta, Joseph Muscat, é acusado de intervir no processo para proteger o seu ex-chefe de gabinete, Keith Schembri, implicado na investigação. No domingo, depois de sucessivos protestos nas ruas exigindo a sua demissão, o primeiro-ministro anunciou que abandona o cargo em janeiro, mas a decisão não satisfaz a família da jornalista nem a oposição, que querem o afastamento imediato de Joseph Muscat.
Na semana passada, o Parlamento Europeu (PE) anunciou o envio de uma missão urgente a Malta para avaliar o cumprimento do Estado de Direito no país.
Daphne Caruana Galizia, que investigava casos de corrupção na elite política e empresarial do país, foi morta a 16 de outubro de 2017 com um engenho explosivo colocado no seu automóvel.