O Presidente da Rússia, Vladimir Putin, e o seu homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky, chegaram esta segunda-feira à noite a um acordo de cessar-fogo que deverá ter efeito até ao final do ano de 2019.

“As partes comprometeram-se com uma implementação total e abrangente de um cessar-fogo, reforçada pela implementação de todas medidas necessárias de verificação do cessar-fogo, antes do fim do ano de 2019”, lê-se no comunicado conjunto resultante do encontro daqueles dois líderes em Paris, que decorreu com a mediação de Emmanuel Macron e de Angela Merkel.

O mesmo comunicado, citado pela Reuters, dá ainda conta de esforços de parte a parte para que haja uma troca “total” de todos os prisioneiros de guerra detidos por cada uma das partes.

Da mesma forma, foi acordado um princípio para que as três zonas que estão no centro do conflito (Lugansk, Donetsk e Donbass) venham a ter eleições locais de acordo com a lei ucraniana e que, depois desses plebiscitos, aquelas regiões venham a ser autónomas. Esta solução, conhecida por “Fórmula Steinmeier” por ter sido proposta pelo Presidente da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier, tem sido rejeitada pela Ucrânia desde 2016 — mas é desde outubro uma opção admitida pelo novo Presidente. Este, porém, só admite a realização das tais eleições locais quando não houver presença militar russa naquelas três regiões.

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Esta foi a primeira vez que Vladimir Putin se reuniu com Volodymyr Zelensky, que tomou posse como Presidente da Ucrânia em maio de 2019, depois de ter sido eleito no mês anterior. Uma das promessas de campanha de Volodymyr Zelensky era precisamente o início de conversações com a Rússia com vista para o fim do conflito.

Na conferência de imprensa que marcou o fim da cimeira, foi ainda anunciado que os quatro países vão permanecer em contacto através de vias diplomáticas e que dentro de quatro meses voltarão a fazer uma nova cimeira com os respetivos chefes de Estado.

Esta foi a quarta vez que aquelas duas partes se reuniram para negociar o curso daquele conflito iniciado em 2014. As duas cimeiras anteriores decorreram ambas em Minsk, igualmente com mediação franco-germânica mas também com intervenção da anfitriã Bielorrússia. A terceira e mais recente aconteceu em outubro de 2016, em Berlim.

Nenhuma daquelas cimeiras levou ao final de um conflito que desde o seu início já fez aproximadamente 13 mil mortos na fronteira entre a Ucrânia e a Rússia.