Não foi esta a primeira vez que a DS nos desafiou a conduzir o DS 3 Crossback E-Tense, o pequeno SUV eléctrico, alimentado por bateria, que partilha a plataforma com o e-208 e o Corsa-e, os outros eléctricos do Grupo PSA. A primeira vez que nos sentámos ao volante do SUV de luxo foi em Março, no sul de França, numa pista improvisada em plena base militar junto à costa.

Se, então, o modelo era ainda um protótipo, agora tivemos direito a testar já a versão de série, uma vez que o SUV começou a ser produzido em Novembro, tendo a sua chegada ao nosso país agendada para Janeiro ou Fevereiro do próximo ano, apesar deste último mês ser a data mais provável.

Certezas e dúvidas. Guiámos o DS 3 Crossback eléctrico

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Ligeiramente maior e mais pesado do que os utilitários da PSA com quem partilha a plataforma, motor e bateria, o DS 3 Crossback E-Tense é visivelmente mais encorpado do que as versões eléctricas do e-208 e Corsa-e. Apesar da maior distância entre eixos (mais 1,8 cm), o espaço para as pernas de quem vai atrás não parece maior, muito provavelmente porque o luxuoso SUV recorre a bancos mais volumosos que, se por um lado incrementam o conforto, por outro limitam o espaço a bordo. Maior em largura (4,6 cm), o DS 3 reforça a sensação de espaço a bordo com uma altura mais generosa (mais 10,4 cm). Mas é lá atrás, na mala, que a vantagem é mais evidente, com o SUV francês a anunciar 350 litros, contra os 265 litros do 208 eléctrico.

Neste último contacto com o DS 3 Crossback E-Tense, o início do percurso estava localizado nas antigas piscinas Molitor, onde a sociedade parisiense se banhava em 1929, e que hoje estão transformadas num hotel. Com a curiosidade de este local, com o seu vincado estilo Art Déco, ter empregado Johnny Weissmuller como um dos primeiros salva-vidas (antes de rumar a Hollywood, onde fez de Tarzan em inúmeras películas), tendo igualmente servido de palco para a apresentação do primeiro biquíni em 1946, pela mão do seu criador Louis Réard.

16 fotos

Os primeiros quilómetros foram percorridos a atravessar Paris, o que permitiu constatar com surpresa a boa qualidade de construção do modelo, sem ruídos parasitas mesmo nas ruas de piso menos bom. As críticas que fizemos da primeira vez que conduzimos o DS 3 Crossback E-Tense, altura em que o achámos menos confortável devido ao facto de ter montado atrás um eixo rígido com barra panhard, em vez do semi-rígido das outras versões com motor de combustão, pareceram-nos agora mais atenuadas, provavelmente por os técnicos terem encontrado uma melhor regulação mola/amortecedor.

Se o modelo marcava uma autonomia de apenas 220 km quando arrancámos, em vez dos 320 km que anuncia, o que nem sequer é muito para um acumulador com 50 kWh de capacidade, começámos a aperceber-nos que a média de consumo tinha dificuldade em baixar dos 21 kWh/100 km, compatível com a autonomia registada. Posteriormente, foi necessário desligar o ar condicionado – um esforço considerável face ao frio que se fazia sentir – para conseguirmos consumos na casa dos 15 kWh e com o modo de condução Normal, que reduz a potência (que é de 136 cv em modo Sport) para apenas 109 cv, regime que foi o utilizado para a determinação dos valores segundo o protocolo de medição WLTP. Existe também o modo Eco, que limita ainda mais a potência (a 82 cv) para reduzir um pouco mais o consumo.

Vários modos de condução ajudam a “esticar” a distância que o DS 3 Crossback E-Tense é capaz de percorrer entre recargas

Já em estrada, tivemos oportunidade de trocar o banco da frente pelo traseiro, onde se viaja com algum conforto. Contudo, menos do que nas versões com motor a gasolina ou a gasóleo. Tudo porque as baterias estão localizadas parcialmente ao longo do túnel longitudinal, mas maioritariamente sob os bancos da frente e traseiro. Ora isto impede que quem vai atrás enfie os pés sob o banco da frente, obrigando a uma postura de pernas menos confortável. Ainda assim, devido à maior distância entre eixos, é bem provável que o DS 3 Crossback eléctrico sofra menos com este problema do que os 208 e Corsa a bateria.

14 fotos

De regresso ao Molitor, foi-nos explicado que, apesar da produção em série já ter começado, as unidades do DS 3 Crossback a bateria não possuíam ainda o software definitivo, que tendia a ser demasiado pessimista no cálculo do consumo quando a bateria ainda estava cheia, o que já não acontecerá nas versões que vão começar a ser entregues aos clientes. Em Portugal, tal está previsto acontecer algures entre o final de Janeiro e o início de Fevereiro, por valores entre 41.000€ para a versão mais simples, a So Chic, e os 45.900€ referentes à Grand Chic. Tabela de preços aqui.