José Sócrates classifica as declarações de José Maria Ricciardi nos autos do caso EDP como “uma fraude”.”Desminto vigorosamente que alguma vez tenha sugerido ou incentivado seja quem for a investir na empresa EDP. Essas declarações do dr. Ricciardi, como outras feitas ao longo dos últimos anos, são uma fraude”, afirma o ex-primeiro-ministro numa resposta escrita enviada ao Observador.

Sócrates diz ainda que “começa a ser particularmente obsceno a troca de favores entre o Ministério Público e o dr. Ricciardi”, já que um diz o que o outro quer ouvir, enquanto o segundo espera que do outro lado haja proteção em processos em que  esta envolvido”. O ex-líder do PS faz questão de referir que um desses processos em que Ricciardi estará envolvido tem a ver “com a privatização da [empresa] REN – Redes Energéticas Nacionais e a sua relação — essa, sim, próxima — com o então primeiro ministro Passos Coelho”, conclui o ex-líder do PS.

Ricciardi: “Sócrates pediu a Salgado para o BES comprar posição qualificada na EDP. Não houve nenhum estudo económico”

Recorde-se que, tal como o Observador avançou em exclusivo esta segunda-feira, Riccardi garantiu nos autos do caso EDP que Ricardo Salgado informou a Comissão Executiva do Banco Espírito Santo (BES) no final de 2005 que “o então primeiro-ministro José Sócrates lhe tinha pedido para o BES adquirir uma participação qualificada na EDP (necessariamente superior a 2%)”, lê-se no auto de inquirição consultado pelo Observador. O que veio a acontecer logo em janeiro de 2006, quando o banco da família Espírito Santo investiu cerca de 200 milhões de euros para adquirir uma posição de 2,17% no capital da principal elétrica nacional.

Ricciardi, que fazia parte da Comissão Executiva do BES e que veio a representar o banco no Conselho Geral e de Supervisão, acrescentou ainda que esse investimento “não resultou de um estudo económico-financeiro prévio por parte do BES” mas serviu essencialmente, para “satisfazer” o “pedido de José Sócrates ao arguido Ricardo Salgado”. O que “continua a considerar inusitado e não tem memória de tal ter ocorrido mais alguma vez no BES”.

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