O candidato à liderança do PSD Miguel Pinto Luz acusou esta segunda-feira o ministro das Finanças, Mário Centeno, de deixar propositadamente “alçapões” nos orçamentos, procurando esconder e tornar pouco claro aquele documento. “Já estamos habituados a estas manigâncias do professor Centeno. O professor Centeno deixa estes alçapões nos orçamentos e tem esta forma menos clara de lidar com um documento tão estrutural na vida democrática nacional como é o Orçamento Geral do Estado e isso já estamos habituados”, afirmou em declarações aos jornalistas à entrada de um encontro com apoiantes em Vila Nova de Gaia, distrito do Porto.

O candidato e vice-presidente da Câmara de Cascais comentava as explicações dadas pelo ministro das Finanças que considerou esta segunda-feira, no parlamento, “totalmente ilegítima” a dúvida colocada pela Unidade Técnica de Apoio Orçamental sobre suborçamentação das receitas na proposta do Orçamento do Estado para 2020 (OE2020). Miguel Pinto Luz disse que esta não é a primeira vez que Mário Centeno cria estes alçapões de forma propositada.

“Se fosse a primeira vez daríamos o benefício da dúvida. Como não é a primeira vez, eu não quero acreditar que tenha sido falta de competência, foi propositado o esconder, o tornar pouco claro um documento que devia ser claro, porque no fundo é o documento que rege todo o Estado durante um ano e os portugueses têm o direito de saber a quantas andam e que contas temos e isso é direito inalienável para os portugueses”, defendeu o antigo presidente da distrital de Lisboa do PSD, estrutura a que presidiu entre 2011 e 2017.

Para o candidato à liderança do PSD, este orçamento tem ainda um outro “alçapão”, agora mais visível devido à crise no Médio Oriente. “O preço do petróleo vai sofrer uma pressão em 2020, mas já aquando da apresentação do Orçamento do Estado, do primeiro documento, já sabíamos que todas as agências internacionais e os analistas apontavam para um valor muito mais elevado do petróleo em 2020. E isso foi escamoteado de alguma forma pelo Partido Socialista”, considerou.

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Pinto Luz considera que o PSD não pode estar de acordo com “esta forma pouco clara de fazer política”, defendendo que o partido devia ter “há muito” anunciado o seu voto contra. “Rui Rio teve o tempo que entendeu necessário e suficiente para tomar a sua decisão. Esse não tinha sido o meu ‘timing’. (…) Rui Rio entendeu que devia prolongar mais este tabu, o que não é positivo, mas temos de respeitar esse ‘timing’”, sublinhou.

O candidato à liderança do PSD lamentou ainda a inexistência de debates televisivos na reta final da campanha, defendo que o PSD e a democracia saem mais pobres e os militantes menos esclarecidos.

“Não foi por nossa causa que não existiram esse segundo e terceiro debates. Foi uma opção dos outros dois candidatos. Hoje com os nossos programas já apresentados tão bom que seria podermos confrontar os vários candidatos com as várias opções. Não podemos fazer. Infelizmente terá de ser nestes debates mais internos que teremos de fazer este confronto de ideias e não aberto a todos os militantes”, concluiu.

Miguel Pinto Luz é candidato às eleições diretas do PSD marcadas para sábado – com uma eventual segunda volta uma semana depois -, que disputará com o atual presidente do PSD, Rui Rio, e com o antigo líder parlamentar Luís Montenegro.

Já com o presidente do partido escolhido em diretas, o congresso do PSD realiza-se entre 07 e 09 de fevereiro, em Viana do Castelo.