Robert Abela é o novo chefe do governo maltês, substituindo Joseph Muscat, que renunciou ao cargo de primeiro-ministro por alegado envolvimento no assassinato da jornalista Daphne Caruana Galizia.
Caruana Galizia, que participou na investigação jornalística que ficou conhecida como “Panama Papers” em Malta, morreu a 16 de outubro de 2017 quando uma bomba explodiu no seu carro, dias depois de ter denunciado estar a receber ameaças de morte. A jornalista, de 53 anos, também tinha um blogue onde denunciava líderes políticos. A sua última investigação visava precisamente o primeiro-ministro de Malta, o trabalhista Joseph Muscat, e alguns dos assessores mais próximos. Após o atentado com o carro armadilhado, os filhos da jornalista pediram a demissão de Muscat, que acusaram de estar rodeado de “escroques” e de ter criado uma cultura de impunidade que transformou Malta numa “ilha mafiosa”. Em dezembro de 2019, Muscat renunciou ao cargo.
The son of Daphne Caruana Galizia believes his mother was assassinated because of her work exposing political corruption. pic.twitter.com/YydqYeUwCW
— Al Jazeera English (@AJEnglish) October 18, 2017
Robert Abela ganhou as eleições para a liderança do Partido Trabalhista maltês, o que faz dele, automaticamente, o novo primeiro-ministro. O advogado comprometeu-se a dar continuidade ao anterior governo.
A Comissão Europeia apelou, em dezembro, a que o governo maltês se reconstituísse rapidamente, para que não houvesse conflito de interesses na investigação do assassinato de Caruana Galizia. O comissário da justiça europeia, Didier Reynders, afirmou, mesmo, que os desenvolvimentos do caso haviam destacado os problemas do sistema judicial e político do país, recorda o The Guardian.
No discurso de despedida, Muscat lamentou a morte da jornalista, referindo que pagou “uma dívida alta” para que o caso fosse solucionado sob o seu governo”. O Partido Nacionalista, da oposição, referiu-se às declarações como “surreais”.
Três homens estão acusados de ter assassinado a repórter de investigação. Um quarto homem, o empresário Jorgen Fenech foi acusado de ser cúmplice no crime. A prisão de Fenech desencadeou a resignação de várias figuras parlamentares, como Konrad Mizzi, ex-ministro do turismo, e de Keith Schembri, ex-chefe de gabinete do primeiro-ministro.
Três acusados de homicídio de jornalista maltesa Daphne Caruana Galizia