Abel Matos Santos, membro da recém-eleita direção do CDS, apresentou esta terça-feira a carta de demissão ao líder do partido, Francisco Rodrigues dos Santos. A notícia da saída de Matos Santos foi avançada pela TSF e confirmada pelo Observador. O vogal da comissão executiva não resistiu assim à polémica em torno dos textos que escreveu no Facebook a elogiar Salazar e a PIDE e onde classificou Aristides Sousa Mendes como um “agiota de judeus”. Após a notícia inicial do Expresso, a direção centrista estava a enfrentar pressões internas para afastar Abel Matos Santos do órgão de cúpula do partido.

A direção de Francisco Rodrigues dos Santos já emitiu mesmo um curto comunicado esta terça-feira à noite onde confirmou que Abel Matos Santos “apresentou a sua renúncia ao cargo de vogal que ocupava neste órgão, não permitindo, deste modo, que as suas afirmações passadas possam suscitar dúvidas sobre a tradição política em que o CDS, inquestionavelmente, se insere”.

No mesmo documento, a comissão executiva garante que ” o CDS é fronteira de todos os extremismos, farol dos valores da democracia cristã, do humanismo personalista e do primado da dignidade da pessoa humana.” Para a direção centrista estes valores foram “reafirmados na moção vencedora do 28° Congresso” e que servem de limite à ação política e vinculam todos os dirigentes do CDS.

CDS. Um dos novos dirigentes elogiou a PIDE e Salazar. E acusou Aristides Sousa Mendes de ser “agiota de judeus”.

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Em outubro de 2002, Abel Matos Santos e partilhou uma notícia do “Público” com o título “Embaixador de Israel diz que Portugal tem uma «nódoa» que os judeus não esquecem”. O democrata-cristão criticou depois diplomata que concedeu milhares de vistos a refugiados judeus contra a vontade de Salazar com a seguinte questão: “Porque será que defendem Sousa Mendes, que foi um agiota dos judeus?”. Esta era apenas uma das várias frases polémicas que tinha no Facebook.

Na sequência das declarações, o antigo vice-presidente e principal crítico no congresso do presidente Francisco Rodrigues dos Santos, exigiu ao líder o afastamento do dirigente.

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Depois disso, a direção emitiu um comunicado, onde explicava o porquê de segurar o dirigente. Num documento assinado por toda a comissão executiva, os dirigentes desvalorizaram o caso, dizendo que as afirmações de Abel Matos Santos são “antigas”, algumas têm “mais de dez anos” e só foram noticiadas “com o firme propósito de prejudicar todo o CDS”. Para a direção do partido, houve um “rótulo ignóbil” que “quiseram colar” ao dirigente. Ainda assim, Francisco Rodrigues dos Santos só conseguiu segurar Abel Matos Santos cinco dias.

Notícia atualizada às 21h47 com comunicado da direção do CDS.