O plano era apresentá-lo na véspera do dia de São Valentim (também conhecido como “Dia dos Namorados”), portanto, nesta quinta-feira, mas os planos do Facebook saíram furados. O novo serviço de encontros da empresa de Mark Zuckerberg, o Facebook Dating — que vai concorrer com apps como o Tinder — já não vai chegar à Europa tão cedo. O motivo é a opacidade revelada pela empresa nas informações que (não) deu sobre como iria garantir a privacidade dos dados pessoais dos utilizadores.

As dúvidas quanto à proteção dos dados dos utilizadores deste serviço motivaram uma inspeção das autoridades irlandesas aos escritórios do Facebook, em Dublin. A empresa de Mark Zuckerberg tem sede fiscal na Irlanda e as garantias de proteção de dados dos seus serviços novos são habitualmente avaliadas pela Comissão de Proteção de Dados da Irlanda.

Um porta-voz do Facebook já reagiu e afirmou ao Observador: “É muito importante que lancemos bem o Facebook Dating, portanto estamos a levar um pouco mais de tempo para garantir que o produto está pronto para o mercado europeu. Trabalhámos cuidadosamente para criar fortes garantias de privacidade”.

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Segundo o site TechCrunch, os reguladores irlandeses só foram informados da intenção do Facebook em estender este serviço de encontros à Europa — já está em funcionamento nos Estados Unidos da América e em países da América do Sul e Ásia — há pouco mais de uma semana. Além disso, refere um porta-voz da Comissão de Proteção de Dados da Irlanda, “as preocupações aumentaram pelo facto de nenhuma informação/documentação ter-nos sido providenciada” relativamente ao processo DPIA (Data Protection Impact Assessment) e relativamente aos “processos de tomada de decisão levados a cabo pelo Facebook Irlanda”.

As buscas dos reguladores irlandeses aos escritórios do Facebook em Dublin foram confirmadas pela Comissão de Proteção de Dados da Irlanda. Em comunicado, a autoridade confirmou ter feito uma “inspeção” e “recolhido documentação”.

Esta é a primeira vez que a Comissão de Proteção de Dados da Irlanda “faz buscas como esta” no Facebook ou em qualquer outra grande empresa tecnológica desde que o Regulamento Geral de Proteção de Dados entrou em vigor em 2018, confirmou o vicecomissário e responsável pela área da comunicação do regulador, Graham Doyle, à estação norte-americana CNN.

A Comissão de Proteção de Dados da Irlanda confirmou ainda ter “11 investigações abertas a empresas de redes sociais e a diferentes subsidiárias”, segundo a CCN. Um dos processos envolve o WhatsApp, rede social da empresa de Mark Zuckerberg que está a ser investigada por alegadas violações a leis de privacidade europeias. As multas a empresas por violação de leis de proteção de dados na Europa, lembra a CNN, podem ir até 4% das receitas anuais da empresa.