O antigo chefe do governo autónomo escocês Alex Salmond começa esta segunda-feira a ser julgado em Edimburgo por vários ataques sexuais e tentativas de violação, num processo cujo resultado poderá ter consequências políticas.
Salmond, que abandonou a liderança do Partido Nacionalista Escocês (SNP) e do governo escocês em 2014, é acusado de 14 crimes, dos quais disse ser inocente.
Além de duas tentativas de violação, o político é alvo de nove acusações de agressão sexual, duas de abuso sexual e uma de desordem pública.
De acordo com a documentação judicial, Salmond, de 65 anos, é acusado de tentar violar uma mulher em Bute House, a residência oficial do primeiro-ministro da Escócia, durante a campanha do referendo da independência em 2014.
O texto descreve como o acusado colocou suas as pernas sobre as pernas da queixosa, beijou-a repetidamente no rosto e no pescoço, apalpou-a, tirou a roupa e, depois de se despir, tentou violá-la na cama.
A acusação refere que as tentativas de violação ocorreram entre a data em que foi assinado, em 2012, o Acordo de Edimburgo, através do qual o governo britânico concedeu ao governo autónomo escocês os poderes para realizar o referendo de independência de 2014 (no qual 55% rejeitaram a independência), e 18 de setembro de 2014, quando ocorreu o plebiscito.
Em geral, as acusações terão acontecido entre 29 de junho de 2008 a 11 de novembro de 2014, dois meses depois de Salmond renunciar ao cargo de primeiro-ministro da Escócia e de líder do SNP após a derrota no referendo, e foi substituído pela vice-presidente, atual chefe do executivo escocês, Nicola Sturgeon.
A chefe de governo escocesa admitiu ser “um choque para muitas pessoas” a detenção de Salmond, mas recusou fazer mais comentários.
No ano passado, as autoridades iniciaram uma investigação a duas alegações de suposto assédio sexual apresentadas por duas mulheres que eram empregados de Salmond durante o período em que esteve nas funções de primeiro-ministro escocês, entre 2007 e 2014.
Escócia. Ex primeiro-ministro detido após acusações de assédio sexual
No início de janeiro, um tribunal de Edimburgo concluiu que o governo escocês agiu de forma imprópria na forma como tratou a investigação interna às duas queixas porque o gabinete liderado pela sucessora de Salmond, Nicola Sturgeon, violou suas próprias diretrizes ao designar como responsável pela investigação interna uma pessoa que tinha um “envolvimento anterior” no caso.
Analistas políticos dizem que este julgamento poderá ensombrar as tentativas de Sturgeon de repetir um referendo sobre a independência ainda este ano, cuja autorização o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, recusou dar.