Adrián a ocupar a baliza em vez do lesionado Alisson. Oxlade-Chamberlain titular no meio-campo ganhando essa corrida a Fabinho e Milner, as outras opções possíveis ao lado (ou por perto) de Henderson e Wijnaldum no apoio ao trio Sané-Salah-Firmino. Diego Costa de início ao lado de João Félix na frente com Morata no banco. De forma resumida, era sobre estes temas que se devia falar na antecâmara do arranque do Liverpool-Atl. Madrid, um dos jogos mais aguardados da segunda mão dos oitavos da Champions e que tinha o atual campeão europeu em xeque depois da derrota. Ao invés, o enfoque recaiu na chegada dos adeptos espanhóis e numa reação de Klopp.

Como o nível 12 de Simeone apanhou de surpresa o nível 4 de Klopp (a crónica do Atl. Madrid-Liverpool)

Quando as equipas se preparavam para entrar no habitual período de aquecimento, o técnico alemão reagiu de forma irritada ao ver que alguns adeptos tinham a mão estendida à espera de um cumprimento dos jogadores e não teve pejo em mostrar isso mesmo de forma bem expressiva ao soltar um Put your hands away, fucking idiots“. E não foi da boca para fora porque, minutos depois, cumprimentaria Diego Simeone com o cotovelo, num momento que arrancou alguns sorrisos mas que cumpriu o novo protocolo por causa do coronavírus. Em Espanha, claro, o ângulo era outro: a forma como os adeptos espanhóis chegaram a Anfield Road.

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Depois do Valencia-Atalanta, o exemplo paradigmático de como uma grande jogo de futebol pode saber sempre a pouco quando não há público no recinto, este Liverpool-Atl. Madrid era ainda uma exceção dentro da regra que se está a aplicar um pouco por toda a Europa, com estádio à pinha e dois estilos de jogo em confronto com um final imprevisível, mas ficou de forma indelével marcado por aquilo que a Organização Mundial de Saúde catalogou esta quarta-feira de pandemia global – e com as imagens de pessoas com máscaras a assumirem o foco. No entanto, e num contexto particular, o que se passou em campo valeu a pena. Para quem viu em Anfield, para quem viu em casa e para quem um dia vier a ver a noite em que o Atl. Madrid, a atravessar uma temporada aquém do esperado, eliminou o campeão europeu na primeira ronda a eliminar da Liga dos Campeões (3-2).

Ainda assim, todo este filme poderia ter mudado com menos de um minuto jogado, quando João Félix conseguiu encontrar Diego Costa em profundidade e o Atl. Madrid ficou perto de conseguir marcar em Inglaterra um golo que faria toda a diferença. O Liverpool entrou a frio, ficou gelado mas foi aquecendo com o passar dos minutos que mostraram duas equipas a apresentarem o melhor do adversário: os ingleses a terem muita agressividade nas segundas bolas e maior intensidade nos duelos diretos, os espanhóis a mostrarem uma enorme força coletiva e uma especial tendência para não falharem nas transições. As oportunidades sucediam-se, golos nada. Até que, em cima do intervalo, Wijnaldum empatou tudo, inaugurando o marcador de cabeça após jogada pela direita.

No segundo tempo, João Félix ainda teve um remate perigoso que Adrián parou a dois tempos, na segunda ocasião com uma grande defesa aos pés de Correa, mas foi o campeão europeu que carregou cada vez mais (sobretudo após a substituição de Diego Costa, que saiu aos pontapés a tudo num momento que coincidiu com a subida em definitivo da linha defensiva dos reds para o forcing final), desperdiçando oportunidades atrás de oportunidades entre bolas na trave (Robertson), remates perigosos perto do alvo (Mané e Salah) e grandes intervenções de Oblak, que se tornou na principal figura colchonera. O encontro acabou mesmo por ir para prolongamento mas não sem antes Saúl Ñíguez marcar na sequência de um livre lateral mas em posição irregular”.

Durante 90 minutos, entre inúmeras chances, houve apenas um golo; começou o prolongamento, desenvolveu-se o jogo e em oito minutos já tinham aparecido dois: Firmino, o herói das últimas conquistas do Liverpool, deu vantagem aos ingleses numa recarga a um cabeceamento que tinha acertado no poste (94′) mas, apenas três minutos depois, Marcos Llorente recebeu um passe de João Félix e rematou colocado sem hipóteses para Adrián, deixando o Atl. Madrid na frente da eliminatória e a depender apenas de si para causar surpresa. O português foi substituído por Morata, o avançado andou meio perdido na frente mas na primeira vez que Llorente apareceu mais próximo bisou, em mais um remate de fora da área puxado ao poste (105+1′). E a chave de ouro ficaria guardada para o minuto 120, com Morata a carimbar a reviravolta no jogo com o 3-2 isolado na área.

Numa noite marcada pelos efeitos do coronavírus em toda a Europa, e em que foi confirmado mais um caso no futebol em Itália (Rugani, da Juventus de Ronaldo) depois de França e Alemanha, brilhou em Anfield Road o antigo médio do Real Madrid que, como foi muito destacado no ano passado em Espanha, se distingue pelas preocupações em termos de saúde para evitar qualquer tipo de lesão muscular, da dieta paleolítica que segue tal como o pai ou os tios, também eles antigos jogadores não só de futebol mas também de basquetebol (com alimentação básica como peixe, carne, frango ou arroz sempre mal cozinhados) à cama inteligente onde dorme nove horas para retirar a contaminação eletromagnética com o objetivo de reduzir a idade em termos biológicos, um aparelho utilizado já há alguns anos por outros jogadores de alta competição em vários países.