O Conselho das Escolas Médicas Portuguesas, composto pelos presidentes e diretores das faculdades de medicina do país, escreveu uma carta aberta ao primeiro ministro onde apela a que António Costa siga o que “a evidência científica” tem mostrado “nos países nos quais foram confirmados casos antes dos registados em Portugal” e adote “medidas restritivas” já.

Na carta aberta (que pode ler no fim do artigo) é também criticado o Conselho Nacional de Saúde Pública (CNSP), que ontem teve uma reunião onde saíram recomendações ao Governo, por ir “contra a melhor evidência científica atualmente existente e a tendência que se tem verificado em outros países europeus” e se ter limitado “a remeter as decisões para as Autoridades de Saúde, não propondo nenhuma recomendação restritiva em concreto, nomeadamente, no que respeita a encerramento de espaços públicos e privados”.

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Os responsáveis pelas faculdades de medicina do país manifestam ainda “preocupação” relativamente “à capacidade técnica de o Conselho Nacional de Saúde Pública lidar com este problema”. Na carta, não contestam a “formação de base e a experiência técnico-profissional” de quem está no CNSP, mas alertam, com “sérias preocupações”, para “a falta de elementos públicos” que permita saber quem são e a consequente falta de escrutínio. Por isso, o Conselho das Escolas Médicas tem “dúvidas” sobre a competência do CNSP “para lidar na prática com uma situação destas, sendo que esta eventual falta de competência poderá ainda explicar a sua manifesta incapacidade de decisão”.

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Assim, os oito presidentes e diretores das faculdades de medicina que assinam a carta aberta, pedem a António Costa que “já e de forma efetiva” adote as “práticas restritivas que tão bons resultados deram em contextos adversos como os da China, Macau e Coreia do Sul, se necessário ouvindo – no mais curto espaço de tempo possível – peritos internacionais com experiência bem sucedida na resposta a epidemias e, idealmente, a esta pandemia”.

Mais prevenção e menos reação, é isso que pede ao Governo o Conselho das Escolas Médicas Portuguesas, porque “o longo período de incubação da doença, o número de casos detetados hoje reflete a situação de há semanas atrás. De igual modo, as medidas que tomarmos hoje não terão impacto no imediato”.

Num apelo a que o Governo não deixe que “questões ideológicas ou receios relativos ao inevitável impacto económico” condicionem as decisões “em tempo útil”, os signatários rematam a carta com um conselho: “Numa situação como esta, importará termos líderes decididos, apoiados numa forte estrutura de comando e, sobretudo, assessorados por equipas técnicas competentes“. E para Costa fica a garantia de que “o Conselho das Escolas Médicas Portuguesas estará inteiramente disponível para vir a dar o seu contributo, se o achar necessário”.

A carta aberta é asinada por Altamiro da Costa Pereira (Diretor da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto), Carlos Robalo Cordeiro (Diretor da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra), Henrique Cyrne Carvalho (Diretor do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar), Isabel Palmeirim (Presidente do Departamento de Ciências Biomédicas e Medicina da Universidade do Algarve), Jaime Branco (Diretor da Nova Medical School, Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa), Miguel Castelo Branco (Presidente da Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade da Beira Interior), Nuno Sousa (Diretor da Escola de Medicina da Universidade do Minho) e Fausto Pinto (Presidente do Conselho das Escolas Médicas Portuguesas e Diretor da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa).

A carta aberta do Conselho de Escolas Médicas Portuguesas ao primeiro-ministro

Um documento assinado pelos presidentes e diretores das faculdades de medicina do país

Na carta aberta é pedido ao Governo que tome medidas restritivas já e são feitas muitas críticas ao Conselho Nacional de Saúde Pública