Uma semana depois de o Governo de Espanha ter anunciado medidas que facilitam os lay-offs (despedimentos temporários e que preveem a reintegração do trabalhador na empresa), já há mais de 760 mil espanhóis nessas condições, de acordo com o La Vanguardia.

É muito provável que o número real seja superior aos 762.011 apresentados, uma vez que, explica aquele jornal, os dados disponibilizados pelo Ministério do Trabalho espanhol dizem respeito a apenas sete das 18 comunidades autónomas que fazem parte do total nacional. Estão em falta dados para comunidades importantes, como a de Madrid e a da Andaluzia, que tem o maior número de habitantes.

De acordo com La Vanguardia, 37% daquele total diz respeito à Catalunha — foram até agora 271.432 os cidadãos daquela comunidade autónoma a serem sujeitos a um lay-off, o que representa quase 8% da mão-de-obra catalã.

Entre as empresas que mais estão a recorrer aos lay-offs, estão alguns gigantes do retalho (a Decathlon e o IKEA puseram cada uma em lay-off 8 mil trabalhadores, a Fnac tem para já 1.627), da indústria automóvel (a PSA de Vigo, com 7.400; e a Lear, com 1.100) e do audiovisual, com a Mediapro a despedir temporariamente 1.200 funcionários.

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Esta onda de lay-offs surge depois de o Governo de Pedro Sánchez ter facilitado os despedimentos temporários tanto do lado das empresas (que não terão de pagar as contribuições dos trabalhadores durante esse período) como para o lado dos trabalhadores (que excecionalmente terão direito a subsídio de desemprego mesmo que não tenham descontado tempo suficiente). “Desta forma, é dada prioridade à suspensão de contratos e redução da jornada de trabalho perante os despedimentos”, disse Pedro Sánchez quando anunciou as medidas do plano económico para combater a crise do novo coronavírus.

Em reação aos números crescentes de lay-offs em todo o país, o presidente da confederação sindical UGT, Pepe Álvarez, recusou adotar um tom crítico. “O importante é avançar. Falámos com o Governo e continua o que foi dito pelo Presidente de Governo, de que ninguém vai ficar para trás”, disse aquele líder sindical, que além de presidente da UGT é militante do PSOE, o partido de Pedro Sánchez que governa com o auxílio do Podemos e da Esquerda Unida, também próxima dos sindicatos. “Se compararmos com outras crises, nesta as pessoas estão a ser tidas em conta.”