O Relatório da Direção Geral da Saúde sobre a situação epidemiológica em Portugal desta quarta-feira, dia 25, não confirmou a curva descendente da véspera e voltou a registar um aumento de 26,8% no número de casos positivos no país que se encontra agora quase nos 3.000 (2.995, mais 633 do que na véspera). Em paralelo, registaram-se mais dez mortes em relação ao último boletim, num total de 43. Ainda assim, há outros dados preocupantes.
29, 30 ou 33 mortes? A confusão dos dados da Direção-Geral de Saúde ao longo do dia
Por um lado, houve um aumento exponencial no número de casos registados entre pessoas acima dos 80 anos, o grupo tendencialmente mais vulnerável à Covid-19, que são agora 260, mais 92 do que na véspera. Por outro, o número de casos positivos e vítimas no Norte voltou a ter uma subida bem maior do que as restantes regiões (34%), num total de mais 387 casos positivos (num total de 1.517) e seis óbitos (num total de 20). Nota também para o aumento do número de casos importados de França, Andorra e Suíça.
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A análise do Relatório da Direção Geral da Saúde sobre a situação epidemiológica em Portugal desta quarta-feira pode ser feita através de nove pontos distintos, a saber:
Número total de casos, mortes e recuperados
- Um aumento de 26,8% nos casos, mais 12% do que na véspera. Portugal passa a ter 2.995 casos positivos, mais 633 em 24 horas num aumento de 26,8% em relação a ontem. O número de mortes subiu de 33 para 43 (20 no Norte, 12 em Lisboa e Vale do Tejo, dez no Centro e um no Algarve). Há 22 recuperados, os mesmos que já vinham na véspera (11 em Lisboa e Vale do Tejo, oito no Centro, três no Norte);
Caracterização dos óbitos
- Maior aumento dos 60 aos 69 anos e acima dos 80. Uma das novidades no Relatório da Direção Geral da Saúde sobre a situação epidemiológica em Portugal a partir de terça-feira foi a caracterização dos óbitos que ocorreram no país, com 23 homens e dez mulheres a partir dos 50 anos, com especial incidência na faixa etária acima dos 80 anos com 63,6% dos casos. Essa percentagem baixou para os 58,1% esta quarta-feira, por força do aumento de óbitos na faixa entre os 60 e os 69 anos (mais três). Morreram em Portugal quatro pessoas dos 50 aos 59 anos, sete entre os 60 e 69 anos, sete entre os 70 e os 79 anos e 25 acima dos 80 anos;
Caracterização do número de casos por região
- Casos no Norte voltam a disparar. Os números a nível de regiões conheceram contornos diferentes nos dois primeiros dias da semana, com a Região Norte a ter o maior número de casos mas a Região de Lisboa e Vale do Tejo a registar mais casos em termos brutos e a Região Centro a conhecer um maior aumento em termos percentuais. Esta quarta-feira, a nota vai para o aumento brutal dos casos (e das vítimas) na Região Norte: mais 387 casos positivos, num aumento de 34%, a comparar com os 140 na Região de Lisboa e Vale do Tejo (16%) e os 72 na Região Centro (25%). Registo ainda para o dobro dos casos no Alentejo (de seis para 12) e para a grande subida nas ilhas (17 casos nos Açores, 16 na Madeira);
Número de países e casos importados
- Aumento nos casos vindos de França, Andorra e Suíça. Pela primeira vez nos últimos oito dias, esta terça-feira tinha trazido mais uma novidade olhando para os casos importados: se na semana passada tinha havido o dobro dos países e de casos, o último boletim não apresentava nenhum aumento nem a nível de países (16) nem a nível de casos (142). Esta quarta-feira, o número de casos aumentou de novo e com predominância para França (30, mais quatro), Andorra (cinco, mais três) e Suíça (13, mais dois). Espanha (46, mais dois) e Reino Unido (12, mais um) também aumentaram. Itália mantém os 20 casos da véspera;
Número de casos por grupo etário
- Grande subida nos casos acima dos 80 anos. Olhando para os casos positivos distribuídos por grupo etário, um dos principais pontos nos primeiros dois de semana foi o aumento dos casos acima dos 80 anos (a faixa tendencialmente mais vulnerável à Covid-19), mais 48 na segunda-feira e mais 25 na terça-feira. Esta quarta-feira essa tendência agravou-se ainda mais, com uma subida de 82 casos nesse grupo etário, num total de 110 homens e 150 mulheres. Em termos brutos, a faixa 50-59 anos voltou a ser aquela que mais subiu (112 casos) mas registam-se ainda subidas significativas dos 0 aos 9 anos e dos 30 aos 49 anos;
Número de casos internados e nos cuidados intensivos
- Quase tantos casos internados a mais do que nos últimos quatro dias. O número de casos internados e nos cuidados intensivos estava a ter um ligeiro aumento, confirmando a lógica de haver cada vez menos casos em internamento, mas o boletim desta quarta-feira veio inverter essa tendência: existem 276 casos positivos internados, num aumento de mais 73 em relação a ontem (ou seja, aumentou quase tanto do que nos últimos quatro dias juntos: 77). O número de casos em Unidades de Cuidados Intensivos subiu para 61, mais 13 do que ontem;
Número de casos suspeitos, não confirmados, em vigilância e a aguardar resultados
- Casos suspeitos ultrapassam a barreira dos 20 mil. Nas percentagens da curva de evolução nos casos suspeitos, não confirmados, em vigilância e que aguardam resultado, que na semana passada tiveram valores que variavam entre os 170% e os 310%, esta semana começou com dois dias consecutivos abaixo dos 30% e inclusivamente com um valor mais baixo, na segunda-feira, a nível de casos em vigilância, mas a tendência não se confirmou. Nos dados positivos, houve um aumento de 46% nos casos não confirmados e um decréscimo de 11% nos casos que aguardam resultado; nos dados negativos, os casos suspeitos aumentaram 37%, de 15.747 para 21.155, sendo assim ultrapassada a barreira dos 20 mil;
Caracterização dos casos por género
- Número de casos entre mulheres aumenta. O início da semana confirmou a tendência que vinha da semana passada: se no início do surto havia mais homens do que mulheres infetados, a última semana inverteu essa tendência com o número de casos do sexo feminino positivos a subirem. Agora, esses números continuam a aumentar: se nos últimos dois dias houve mais 64 mulheres infetadas do que homens, esta quarta-feira essa diferença foi de 72 casos. No total, há mais 177 mulheres do que homens infetadas;
Número de casos por concelho
- Maiores subidas concentradas na Região Norte. A caracterização demográfica dos casos confirmados, outro dos pontos que passou a constar do boletim da DGS desde ontem, mantém os mesmos dez concelhos com mais casos mas com um especial incremento em três concelhos da Região do Porto: apesar de Lisboa continuar a ser o concelho com mais casos positivos (187, mais 12 do que ontem), os concelhos que subiram mais foram Maia (119, mais 15), Vila Nova de Gaia (68, mais 15) e Porto (137, mais 13). Valongo e Gondomar têm mais seis casos cada, Cascais e Sintra subiram quatro casos cada;