O negócio imobiliário está praticamente paralisado por causa dos efeito do Covid 19 e das medidas de contenção tomadas no quadro do estado de emergência declarado na sexta-feira passada. Um inquérito realizado pela Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP) junto das associadas confirma esta paralisia.

Quase 80% das empresas revela que os seus clientes desistiram dos negócios que estavam em desenvolvimento sem avançar para a transação. E nestas há 20% que abandonaram o negócio mesmo depois de terem assinado o contrato de promessa de compra e venda.

E mesmo nas situações em que a compra estava fechada, mais de metade das escrituras previstas para março foi cancelada, uma vez que estes atos têm de ser celebrados presencialmente em notários, o que nas atuais condições de isolamento social é quase impossível. O inquérito junto das promotoras imobiliárias sinaliza ainda que cerca de 97% das empresas do setor registaram quedas de procura. Há 15 dias que as operações estão paradas, com as limitações nas visitas a imóveis. A queda é sentida do lado da procura, mas também da oferta.

Par o presidente da APEMIP,  “estes números demonstram que a atividade está praticamente parada. A grande maioria das empresas suspendeu a sua atividade, indo ao encontro da regulamentação e aplicação do Estado de Emergência decretado. Por mais criativas que as empresas possam tentar ser, aderindo a novas plataformas tecnológicas para fazer visitas virtuais, este é um negócio que só se realiza com pessoas e com visitas. Ninguém compra uma casa vendo só as suas fotografias e vídeos na internet”.

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“O sector está praticamente parado e não há teletrabalho ou take away que nos ajude a resistir”, afirma Luís Lima,

Quase 50% das empresas sinaliza que pretende usar a linha de crédito geral criada para apoiar a tesouraria das empresas, que foi entretanto reforçada para 400 milhões de euros, mas o presidente da APEMIP destaca dificuldades no acesso. Tem havido relatos de recusas por as empresas não reunirem os requisitos exigidos ou terem dificuldade em comprovar que os preenchem.

“É difícil manter o otimismo quando ouvimos o desespero dos empresários, que não sabem que caminhos tomar e é difícil aconselhá-los quando a incerteza sobre o dia de amanhã é constante”. Luís Lima pede por isso um pacote específico de apoio ao setor com medidas comparáveis às que foram concedidas ao turismo e hotelaria onde o Estado financia a manutenção de postos de trabalho.

“Não queremos esmolas, queremos sim soluções que possam ajudar as nossas empresas a sobreviver neste momento em que não conseguem faturar e têm compromissos para assumir. Não me canso de referir que 40 mil pessoas dependem diretamente do sector, para não falar das que dele dependem indiretamente”, sublinha o presidente da APEMIP.

O arrefecimento também está a chegar ao setor do arrendamento, mas aqui a queda não é tão abrupta, pelo menos para já. Mesmo assim 40% dos clientes desistiu de arrendar casa.