Poderá ser a mais jovem vítima da Covid-19 em Portugal e uma das mais jovens em todo o mundo. Este domingo, Vítor Rafael Bastos Godinho, de apenas 14 anos, morreu no Hospital de São Sebastião, em Santa Maria da Feira. Estava internado há um dia e infetado com o novo coronavírus — por apurar, esclareceram esta manhã ministra e diretora-geral de Saúde, estão ainda os motivos que levaram à sua morte.

“A sintomatologia com que foi admitido pode indiciar outro tipo de infeção, temos que ter reserva na análise desta situação. Tem Covid o que não impede de ter outras infeções que estão a ser investigadas. A situação tem de ser vista com muita cautela do ponto de vista clínico até podermos tirar alguma conclusão sobre o que aconteceu nas últimas 24 horas”, avisou Graça Freitas.

Apesar de os sinais da doença provocada pelo novo coronavírus serem consideravelmente mais graves na população mais velha — em Portugal, por exemplo, a taxa de mortalidade geral está nos 2%, disparando para os 8,1% entre os maiores de 70 anos —, a verdade é que ninguém parece estar imune à Covid-19.

Tedros Adhanom, diretor-geral da OMS, já tinha aliás deixado um alerta aos jovens que desvalorizam o impacto da doença: “Não são invencíveis, este vírus pode pôr-vos durante semanas num hospital ou até matar-vos. Mesmo que não adoeçam, as escolhas que fazem sobre até onde podem ir pode fazer a diferença entre vida e morte para alguém”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

De acordo com as estatísticas internacionais, a taxa de mortes por Covid-19 entre os 10 e os 19 anos é de 0,2% — entre os 70 e os 79 é de 8%, e acima dos 80 de 14,8%. Abaixo dos 10 anos não existem ainda casos confirmados.

https://www.facebook.com/centroculturalrecreativodemaceda/posts/1939085236226792?__xts__[0]=68.ARAwpbch_cWllC3J6g3awwp6AVmuRrPen52t1cRRnn7anHo6BxVZMyD7fzOUPmZqKKc6_ewQDF4U_iFqQfUktlUAtZzxkq7FTTriXf48GZDjuQLjeOncwZ5DmC3F2ryvdLk0L2Uz0LqArRPuvwVV2OASQwFfXi0u1_vSlpHKueOnhbXXBoQ9-_b7VOcAZ3rgCGTWbMx_BiCx8LGm15cV8Hr-0liiIQlc49xrH-01sEdc5jjE6PbUyppmDeTetyaAhQlBjHi32_WfWhgW5RGRlr56n7WLG3Hxjdhc240V9rgCFhRZUPkMaRjuRDp7Zh25yF5X97rI_2JbpvsHdCshc_Ly0w&__tn__=-R

Este fim de semana, para além da morte de Vítor Rafael, jovem jogador de futsal do Centro Cultural e Recreativo de Maceda, freguesia no concelho de Ovar, de onde era natural (e cujas causas ainda vão ser investigadas); foi avançada a morte de um bebé de menos de um ano no estado americano do Illinois. Apesar de o bebé também ter sido testado de forma positiva para o novo coronavírus, deverá ser a autópsia a determinar se essa foi ou não a causa de morte.

“Nunca antes tinha havido uma morte de um bebé associada à covid-19. Está em curso uma investigação exaustiva para determinar a causa de morte”, disse Ngozi Ezike, diretor do departamento de saúde pública do Illinois. “Temos de fazer tudo o que pudermos para prevenir o contágio deste vírus mortal. Se não para nos protegermos a nós próprios, para protegermos os demais. Se até agora não estavam a prestar atenção, talvez esta seja a hora de acordarem.”

De acordo com o Guardian, que cita uma carta publicada no New England Journal of Medicine por investigadores chineses, não será bem assim: naquele país morreu pelo menos um bebé de 10 meses, com Covid-19. “A criança teve um bloqueio intestinal e falência de órgãos, e morreu quatro semanas após ter sido hospitalizada”, descreve o jornal britânico, que não conclui se a morte foi especificamente causada pelo novo coronavírus, mas acrescenta o registo de uma outra morte jovem associada ao vírus, igualmente na China, numa adolescente de 14 anos.

Julie A., de apenas 16, morreu na passada terça-feira na unidade de cuidados intensivos de um hospital pediátrico em Paris, escassas horas depois de um terceiro teste que fez para o novo coronavírus ter dado positivo — os outros dois tinham tido resultados negativos para a infeção. “Não acreditámos. Pensávamos que eles se tinham enganado”, recordou a mãe à AFP. Apesar de ter saído imediatamente de casa para o hospital, depois de ter recebido o telefonema com o diagnóstico, não chegou a tempo de ver a filha com vida. “Ela só tinha tosse”, garantiu à agência de notícias francesa.

Na passada sexta-feira, as autoridades de saúde do estado do Louisiana anunciaram a morte de um rapaz de apenas 17 anos, ao que tudo indica saudável, vítima de covid-19 — Jaquan Anderson vivia em Nova Orleães, era estudante de liceu e jogador de futebol americano.

Na Califórnia, também durante esta semana, a morte de um outro rapaz, igualmente de 17 anos, já tinha chegado a ser noticiada como a vítima mais jovem do novo coronavírus nos Estados Unidos, mas o Centro de Controlo e Prevenção de Doenças acabou por descartar essa hipótese, apesar de ainda não ter divulgado mais informações. “Este caso é complexo e pode haver uma explicação alternativa para esta fatalidade”, avisaram as autoridades de saúde em comunicado assim que o óbito foi registado.

Este domingo, em conferência de imprensa, Graça Freitas escolheu o mesmo adjetivo para descrever o caso de Vítor Rafael: trata-se de uma “situação complexa”, que terá de ser investigada, disse a diretora-geral da Saúde.