Por cá é o lay off, em Espanha é o ERTE. Ou, de forma mais explícita, o Expediente de Regulação Temporal de Emprego. Uma medida que, no caso dos principais clubes do país, começou a ser falada no caso do Atl. Madrid, não é uma possibilidade para o Real Madrid (que diz viver uma boa saúde financeira, com 155 milhões de euros de tesouraria, 830 milhões de receitas e um limite salarial de 641 milhões) e vai agora avançar no Barcelona. Em resumo, e de acordo com a lei nacional, os blaugrana poderão suspender contratos e reduzir trabalho, medida que, com ou sem acordo com os jogadores do plantel do futebol, iria sempre avançar esta semana. A notícia do dia é que os atletas aceitaram o corte no vencimento. E foi daí que nasceram duas outras duas notícias.

Como conta o La Vanguardia, já antes as quatro grandes modalidades de pavilhão (basquetebol, andebol, futsal e hóquei em patins) todas candidatas não só aos títulos nacionais mas também europeus e mundiais) tinham acertado o corte de 70% proposto pela Junta Diretiva dos catalães, com apenas um foco de discordância: a decisão entre a formação de basquetebol não terá sido unânime (longe disso, como explicou o jornal Mundo Deportivo). A publicação dá mesmo o exemplo de alguns elementos do conjunto de hóquei em patins, que têm um salário anual de 50 mil euros brutos e que se colocaram na mesma ao lado da decisão tomada.

Num momento em que muita gente está realmente mal, tendo verdadeiras dificuldades para encarar o futuro a nível económico, creio, a título pessoal, que não se pode fazer outra coisa que não seja apoiar o clube”, escreveu nas redes sociais Victor Tomàs, capitão da equipa de andebol.

Faltava apenas o “parecer” da equipa de futebol que, de acordo com notícias passadas na última semana pela imprensa espanhola, teria recusado uma primeira abordagem por parte de Josep Maria Bartomeu e seus pares. Esta segunda-feira, através de um comunicado colocado numa primeira instância pelo capitão, Lionel Messi, nas redes sociais (secundado depois pelos restantes companheiros), os jogadores do plantel principal de futebol aceitaram o corte de 70% nos salários enquanto durar a atual situação mas foram mais longe.

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“Da nossa parte chegou o momento de anunciar que, para lá de redução em 70% do nosso salário durante o Estado de Emergência, vamos contribuir para que os empregados do clube possam manter a totalidade do seu salário enquanto dure esta situação. Se não falamos antes foi porque era prioritário para nós encontrar soluções que fossem reais para ajudar o clube, mas também aos restantes prejudicados nesta situação”, destacou o texto. Ou seja, além de ficar apenas com 30% do vencimento habitual, os jogadores dão ainda mais uma parte para que fique assegurado que outros funcionários do clube, que precisam mais, possam receber os salários a 100%.

Não deixa de nos surpreender que, a partir do clube, haja quem tente colocar-nos sob pressão para fazer algo que sempre quisemos fazer. Se demorámos mais foi porque estávamos a tentar encontrar a melhor fórmula para o fazer ajudando o clube e também os trabalhadores. Queremos deixar claro que a nossa vontade sempre foi reduzir o nosso salário, porque entendemos perfeitamente que se trata de uma situação excecional e somos os primeiro que sempre se prestaram a ajudar o clube sempre que nos pediram. Até o fizemos algumas vezes por iniciativa própria”, destacou o comunicado.

Entre uma decisão salomónica e que agrada a todas as partes, estava escrito mais um capítulo da guerra fria entre o balneário dos blaugrana e o presidente do clube, com quem os pesos pesados já não tinham a melhor relação e que piorou depois de ter sido conhecido o escândalo da contratação de empresas para atuarem nas redes sociais, não só exultando o trabalho da Direção como denegrindo os possíveis opositores nas próximas eleições e lançando ainda umas “farpas” a alguns dos principais atletas. Com outra curiosidade: a decisão do plantel foi conhecida na segunda parte de uma reunião alargada por videoconferência entre Javier Tebas, presidente da Liga, e os líderes dos 42 clubes das divisões profissionais de Espanha, que discutiam o futuro da competição.

A título de curiosidade, as ações da Juventus, equipa campeã italiana que anunciou nos últimos dias um acordo entre administração e plantel principal para baixar os salários nesta fase da epidemia, tiveram esta segunda-feira uma valorização de 7,94% na Bolsa de Milão, que está a ter uma queda de quase 2%.