Finda a primeira fase do estado de emergência, como é que os portugueses se portaram? Bem: as regras foram “genericamente cumpridas” e Eduardo Cabrita dá uma nota “extremamente positiva” ao esforço dos cidadãos. É este o balanço que fez o ministro da Administração Interna das duas últimas semanas, depois de quinta reunião da estrutura de monitorização do estado de emergência desta sexta-feira que serviu não só para fazer uma avaliação do passada, mas também preparar o futuro. Mas nem todos os portugueses foram bem comportados: houve 108 que acabaram detidos pelas forças de segurança pelo crime de desobediência.

Dessa mais de uma centena, Eduardo Cabrita destacou aquelas desobediências “mais significativas”, para aproveitar e repreender também os seus autores. Houve 29 violações das obrigações de confinamento. Depois do número, o ralhete:

Estas são particularmente graves. Quem está confinado, ao violar a regra a que está sujeito, está não só a pôr em causa a sua própria saúde, está a pôr em causa a saúde e segurança de todos aqueles com quem convive, com quem se possa encontrar.

Houve ainda dez tentativas de violação da cerca sanitária de Ovar — e também aqui o ministro não perdeu a oportunidade para uma repreensão: “A nossa solidariedade com a população de Ovar exige um respeito muito escrupuloso pelas regras que estão estabelecidas neste município”. Eduardo Cabrita ficou-se por aqui. Sem adiantar mais números, disse apenas que “em terceiro lugar” na lista das desobediências mais significativas estão as “violações de obrigações de encerramento de estabelecimento comerciais”.

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Uma dezena de pessoas violou a cerca sanitária de Ovar na primeira fase do estado de emergência (ESTELA SILVA/LUSA)

Mudando de tema, Eduardo Cabrita quis também falar sobre o “progresso verificado nas operações de repatriamento”. “Mais de 4 mil portugueses indicaram pretender ter apoio do Estado no seu regresso a Portugal”, começou por dizer, para depois dar a notícia: “Cerca de 75% desses repatriamentos já estão concretizados e estão a realizar-se diligências” para os restantes. Feitas as contas, cerca de mil portugueses estão ainda retidos noutros países e à espera de ajuda.

Das 132 mil pessoas controladas na fronteira com Espanha, 1126 foram recusadas

E por falar em quem quer vir para Portugal, Eduardo Cabrita adiantou que foram controlados 132 mil cidadãos na fronteira portuguesa com Espanha. Do total, 1126 pessoas viram a sua entrada recusada. O ministro da Administração Interna detalhou ainda que a fronteira mais movimentada é a de Valença, onde foram feitas quase metade da totalidade dos controlos: 61 mil pessoas entraram ou tentaram entrar por ali, em Portugal.

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Questionado sobre se haverá um reforço para o período da Páscoa, Eduardo Cabrita garantiu que não há “escassez de efetivo das forças de segurança” e afastou a necessidade de colocar mais agentes de autoridade nas fronteiras. “Tem sido garantida a manutenção da fronteira aberta durante 24 horas”, garantiu.

Relativamente às zonas fora dos nove pontos de passagem, o ministro da Administração Interna lembrou que está autorizada a monitorização através de drones e que o novo decreto de renovação do estado de emergência dá um “papel reforçado” às “autoridades locais”, como polícias municipais e às juntas de freguesias.