Os quase 40 mil pedidos de lay-off recebidos pelo Governo até ao início desta semana correspondem a um universo potencial de 640 mil trabalhadores e a uma massa salarial de 655 milhões de euros por mês. Estes foram alguns dos dados partilhados pelo Ministério do Trabalho e da Segurança Social com os parceiros sociais sobre a resposta do Estado no apoio ao emprego por causa dos efeitos da epidemia de Covid-19. Os números são relativos aos pedidos entrados até 6 e 7 de abril
Os números a que o Observador teve acesso revelam ainda que cerca de 117 mil trabalhadores independentes já comunicaram a redução da atividade para receber o apoio previsto. A estes, somam-se os mais de 100 mil que ficaram em casa a cuidar de filhos até 12 anos com direito a compensação do Estado e os quase 20 mil trabalhadores que estão de baixa profilática por ordem médica devido ao coronavírus. O número total chega a quase 900 mil pessoas, contas feitas pelo Jornal de Negócios.
Os indicadores apontam ainda para um aumento diário de 4098 novos desempregados que se inscreveram no centros de desemprego até 6 de abril, o que corresponde ao dobro do valor registado em igual período do ano passado, num total de mais 28 mil desempregados.
O número de despedimentos coletivos também disparou, desde início do mês houve 35 despedimentos coletivos com 345 trabalhadores, o que equivale a mais 28 empresas e 255 trabalhadores que em início de abril/2019.
Alguns destes números já foram revelados pela ministra do Trabalho, Ana Mendes Godinho, após a reunião da concertação social, mas os documentos apresentados mostram mais informação. Por exemplo, a maioria dos trabalhadores abrangidos por pedidos de lay-off, cerca de 75%, são de empresas com até 10 colaboradores. 14% estão em empresas com até 25 trabalhadores.
Entre 5% e 4,4% dos funcionários abrangidos pelos pedidos de lay-off estavam em empresas que têm entre 26 e 250 trabalhadores apenas 0,7% resultam de empresas com mais de 250 trabalhadores. Mas estas proporções podem mudar com o anúncio de que companhias de grande dimensão tencionam aderir ao regime, como a Autoeuropa, ou podem vir a fazê-lo como a Galp, pelo menos para uma parte dos seus colaboradores.
O setor do turismo, alojamento e restauração lideram em número de trabalhadores os pedidos de lay-off, representando cerca de 25%, seguem-se o comércio e reparação automóvel com 20% e a indústrias transformadoras com 9,5%. Os distritos de Lisboa e Porto concentram 45% dos trabalhadores contemplados nos pedidos apresentados ao Ministério do Trabalho e Solidariedade Social.
O apoio excecional às famílias para o pai/mãe que fica em casa para cuidar de um filho até aos 12 anos chegou já a quase 109 mil trabalhadores por conta de outrem de 50 mil Entidades Empregadoras, perto de 2 mil do Serviço Doméstico e 18 mil trabalhadores Independentes. E os pedidos de baixa por isolamento chegaram aos 19 mil, dos quais 94% foram autorizados.