As autoridades de saúde nacionais reconheceram esta segunda-feira que “qualquer pessoa” pode “considerar” a utilização das chamadas “máscaras comunitárias” ou “não-cirúrgicas“– que podem ser feitas, por exemplo, de algodão – “em espaços interiores fechados e com elevado número de pessoas“. Foi pela voz da ministra da Saúde, Marta Temido, que se ficou a conhecer uma parte da norma que será esta tarde, finalmente, divulgada e que vem na sequência de uma análise feita pelo Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças, na semana passada, que olhou para os prós e contras dessa utilização.

Na conferência de imprensa desta segunda-feira, Marta Temido indicou que “de acordo com princípio básico da precaução em saúde pública e face à ausência de efeitos adversos associados ao uso de máscara, pode ser considerada a sua utilização por qualquer pessoa em espaços interiores fechados e com elevado número de pessoas”, como supermercados, lojas, transportes públicos, etc.

Esta tarde de segunda-feira essa norma deverá ser publicada, mas a ministra sublinha que “o uso de máscaras na comunidade constitui um complemento às medidas já recomendadas: a lavagem das mãos, etiqueta respiratória, distanciamento social e barreiras físicas”.

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A ministra frisou, também, que “a utilização deste tipo de equipamento deve ser meticulosamente realizada, e portanto há um conjunto de dispositivos de informação que estão preparados e também serão divulgados [hoje] sobre a colocação destes equipamentos”.

Neste momento, em que nos encontramos numa regra de confinamento, esta utilização é diferida no tempo. Neste contexto, diversas entidades como o Infarmed, o centro tecnológicas da indústria têxtil e vestuário de Portugal, vários peritos, a ASAE concluirão esta tarde as normas técnicas para a utilização das máscaras comunitárias e irão partilhá-las com a indústria”, diz Marta Temido.

Sobre a compra destas máscaras, Marta Temido falou agora numa “janela de oportunidade” para que o mercado “as possa desenvolver” entre o dia de hoje e o início do levantamento do confinamento.

Este foi um dos principais destaques da conferência de imprensa para análise do último boletim diário de acompanhamento da doença Covid-19 em Portugal, que deu conta de mais 31 mortos, 21 dos quais pessoas com mais de 80 anos. A ministra garantiu, também, que nos primeiros dias de abril (até 12), foram realizados mais testes do que em todo o mês de março. Desde 1 de março foram realizados quase 179 mil testes de diagnóstico, esclareceu a responsável.

A ministra da Saúde sublinhou, também, que “a generalidade” dos utentes que ligam para o SNS24 esperam 30 segundos para serem atendidos e, noutra área, garantiu que o país está a fazer tudo o que é possível para receber da China os ventiladores que estão encomendados e já estão pagos – estão a mover-se várias “influências” para acelerar esse processo.

Na conferência de imprensa desta segunda-feira, as autoridades de saúde esclareceram, também, que “nos próximos dias” haverá um plano para um começo de regresso à normalidade nas cirurgias (e outras intervenções) a doentes não-Covid, aquelas que tinham sido suspensas devido à pandemia. Os casos mais prioritários serão, disse a ministra, os primeiros a serem tratados, cabendo aos hospitais elencar o grau de urgência nessas operações.

Ainda assim, a ministra da Saúde mostrou satisfação por “o número de pessoas em cuidados intensivos estar a descer” nos últimos dias: “é um sinal encorajador, mas não podemos ficar totalmente tranquilos”. Graça Freitas, diretora-geral de Saúde, contrapôs que “os dados que nós temos indicam que ainda não foi atingido o máximo do nosso potencial” no serviço de saúde. Mas “não podemos ficar descansados com estes números. Estamos, de facto, num planalto e não houve necessidade de expandir a capacidade instalada, que tem sido, até à data, suficiente para dar a resposta”, salientou.

Onde as autoridades de saúde não deram muito mais informação foi sobre o eventual levantamento da cerca sanitária em Ovar, dizendo que querem ter a certeza que uma decisão dessas será uma “decisão no sentido correto”, tendo em conta os riscos epidemiológicos que, no entender das autoridades, ainda existem.

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