Não há ainda evidência científica que quem recuperar do novo coronavírus possa ficar imunizado e a salvo de uma nova infeção, alertou na sexta-feira à noite a Organização Mundial da Saúde (OMS).

O alerta foi divulgado numa altura em que os governos estudam medidas para uma retoma da atividade económica e social. Nalguns casos estão a ser estudados “passaportes de imunidade” para que quem já esteve infetado possa sair à rua sem restrições e voltar ao trabalho. Medidas como esta, alerta a OMS, podem não ser seguras.

“Não há atualmente provas de que as pessoas que recuperaram da Covid-19 tenham anticorpos e estejam protegidas de uma segunda infeção”, disse a OMS em comunicado, acrescentando que dar às pessoas que já foram infetadas direito a viajar ou trabalhar “pode, por consequência, aumentar os riscos de uma transmissão continuada”.

Há estudos que dão conta de 51 pessoas que voltaram a testar positivo depois de, aparentemente, terem recuperado na Coreia do Sul. Também há relatos de reinfeções no Japão e na China, daí que a OMS peça cautela aos governos na adoção de medidas.

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Com milhares de milhões de pessoas em casa devido às medidas restritivas, os governos começam a preparar formas de retomar a atividade – nomeadamente em Portugal, com o Governo a estudar uma reabertura escalonada do pequeno comércio a partir de 4 de maio.

O Chile foi o primeiro país a anunciar uma medida mais extrema: que iria avançar com um “passaporte de saúde” para os doentes recuperados, o que permitiria libertar algumas pessoas para os postos de trabalho. A Alemanha e o Reino Unido também já admitiram uma medida semelhante, de forma a permitir uma recuperação gradual da economia e evitar uma contração maior.

Alemanha pondera criar “passaporte imunológico” para saber quem pode ir à rua

A OMS alerta ainda para a precisão dos testes de imunidade que estão a ser realizados e para o risco de se confundirem testes destinados à identificação de anticorpos face à Covid-19 com os destinados a outros coronavírus.