A garantia foi dada por Graça Freitas, durante a conferência de imprensa diária da Direção-Geral da Saúde: a generalização de testes serológicos está a ser planeada, em conjunto com o Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge, e no “início de maio vai começar um inquérito serológico aos portugueses”.
A Universidade do Porto antecipou-se e fez saber que, na próxima semana, vai disponibilizar gratuitamente testes serológicos a todos os docentes, trabalhadores não docentes e estudantes que necessitem de retomar as atividades presenciais nas instalações da instituição. Neste caso, “só os alunos com necessidades comprovadas, como trabalhos práticos, laboratoriais ou estágios é que poderão fazer os testes, os que estão em casa, nesta fase, ficam de fora”, referiu o reitor da Universidade do Porto, António de Sousa Pereira, acrescentando, no entanto, que, entre funcionários e professores, os testes vão abranger “mais de quatro mil pessoas”.
“Vamos ficar com uma caracterização imunológica bem definida desta população e ter a oportunidade de ir seguindo ao longo do tempo, de forma a termos uma imagem muito precisa de como evolui a imunidade”, sublinhou à Lusa. Nos próximos dias, a Universidade do Porto vai avaliar vários testes serológicos, por forma a escolher um, cuja “confiança seja elevada”. “Numa primeira fase, vamos testar num grupo de doentes com Covid-19 e comparar com sangue que temos armazenado de pessoas que nunca tiveram Covid-19 para tentar perceber a fiabilidade do teste”, explicou.
Para o Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor, a decisão tomada pela Universidade do Porto, em colaboração com o Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto, é um “ponto de partida” para a existência de atividades presenciais, ao lançar uma série de testes, “incluindo testes de diagnóstico e serológicos, que ajudam as pessoas a obter mais informação numa fase de incerteza”, assegurou o ministro da tutela, tal como já o tinha feito em entrevista ao Observador, onde antecipou que tendo em conta os números de infeção em Portugal, “não é espetável encontrar muita gente com imunidade ao vírus, mas veremos”, concluiu o reitor.
Manuel Heitor. “Universidades podem fazer testes serológicos aos alunos” para “transmitir confiança”
Outros estabelecimentos de ensino superior estão, neste momento, a preparar planos para combinar o ensino à distância com o presencial, mas tais medidas só poderão ser adotadas, garantiu Manuel Heitor, após o levantamento do estado de emergência.
Arrancam estudos de prevalência da Covid-19 em profissionais de saúde
Com o objetivo de ajudar a “proteger os profissionais de saúde”, o Instituto Gulbenkian de Ciências prepara-se para dar início a um estudo de prevalência da Covid-19. Numa primeira fase, serão monitorizados mil profissionais de saúde do Centro Hospitalar Lisboa Ocidental (que incluí os Hospitais Egas Moniz, Santa Cruz e São Francisco Xavier) e do Hospital Professor Doutor Fernando Fonseca (Amadora-Sintra) de forma a identificar quantos foram expostos e infetados pelo vírus SARS-CoV-2. A iniciativa pretende estender-se aos três mil profissionais de outros centros hospitalares e agrupamentos de centros de saúde do país.
A Diretora do Instituto Gulbenkian de Ciência (IGC), Mónica Bettencourt Dias, em comunicado, explica que se trata de um “grupo muito exposto” e o objetivo desta iniciativa vai muito além do diagnóstico: “Queremos monitorizar a transmissão e a resposta imunitária”. Os dados serão, depois, fundamentais para identificar quais os “profissionais de saúde expostos e infetados pelo vírus, permitindo assim aos hospitais afinar as suas estratégias”. Já Carlos Penha Gonçalves, investigador do IGC e um dos coordenadores do estudo, realça ainda que os números “vão permitir ver se as pessoas que já foram infetadas têm anticorpos, por quanto tempo e se são resistentes a novas infeções”.
Os profissionais de saúde vão ser monitorizados de 3 em 3 semanas por um período de pelo menos 3 meses. A iniciativa é enaltecida por Rita Perez, Presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar Lisboa Ocidental, para quem o projeto será uma oportunidade para testar os profissionais voluntariamente, e aferir o seu grau de exposição e de imunidade: “Há médicos, enfermeiros, técnicos, assistentes no serviço de urgência, no pré-hospitalar, nas enfermarias e nas Unidades de Cuidados Intensivos dedicados apenas a doentes Covid-19. Por isso, estamos muito interessados em participar, desde o primeiro momento, como forma de proteção aos que fazem efetivamente a diferença nesta pandemia”, reforça.
Também o Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Norte (que inclui os hospitais de Santa Maria e Pulido Valente) começou, esta semana, a testar os seus profissionais para saber qual o grau de exposição ao Covid-19 e para, desta forma, tomar decisões mais conscientes sobre quem deve estar a trabalhar.