Com o fim do estado de emergência, acabam-se as borlas nos transportes públicos. Os bilhetes e passes voltam a ser exigidos, o que no caso do Metro de Lisboa e das principais estações da CP significa o regresso dos torniquetes que limitam o acesso à plataforma a quem tem título válido. Apesar de anunciar o regresso da validação obrigatória na próxima segunda-feira, a CP dará “alguma tolerância no dia 4 de maio,” para acautelar a necessidade de carregamento dos títulos de transporte. O Metro vai recomeçar a exigir bilhete no domingo de manhã.

Depois de quedas de procura na casa dos 70%, nos suburbanos da CP, e de 85% no Metro de Lisboa, as empresas vão repor a oferta. A CP diz que vai restaurar 100% nos serviços com maior procura, como o suburbanos. O Metro de Lisboa terá horários de verão que asseguram 70% da oferta e 40 comboios nas horas de ponta da manhã. Mas a ocupação terá de ser menor, dois terços do total, um objetivo que será muito mais difícil de cumprir, por exemplo, numa linha de Sintra, onde a procura chega aos 140% da oferta nas horas de ponta, como reconheceu esta semana no Parlamento o ministro das Infraestruturas Pedro Nuno Santos.

Mas a principal novidade é o uso obrigatório de máscara, um dever que se não for cumprido poderá valer uma multa, como confirmou o primeiro-ministro, António Costa. E as empresas estão a preparar-se para disponibilizar a venda de máscaras nas estações. Em entrevista à rádio Observador, Vítor Domingues dos Santos, presidente do Metro de Lisboa, diz que a empresa vai colocar máscaras nas máquinas de vending a preço “praticamente de custo”, para além de oferecer, em alguns pontos, gel desinfetante.

“Em termos de receitas, foi um mês desastroso para o Metro”, diz Presidente do Conselho de Administração do Metropolitano de Lisboa

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Também o Metro do Porto vai disponibilizar em algumas estações máscaras, gel e luvas. Vão prosseguir as ações de limpeza e desinfeção e os trabalhadores vão ter proteção.

Metro do Porto vai vender máscaras, álcool em gel e luvas descartáveis a partir de segunda-feira

O maior desafio será assegurar o distanciamento social. O Metro de Lisboa vai colocar marcações nos cais das estações para ajudar a manter as distâncias, definindo os espaçamentos obrigatórios, mas Vítor Domingues dos Santos reconhece que vai depender muito do comportamento dos passageiros. “Esperamos que as pessoas nos ajudem a cumprir”. Em alguns locais de maior concentração de pessoas, designadamente interfaces com a Linha de Sintra como as estações do Jardim Zoológico e de Entrecampos, o Metro vai ter a ajuda da PSP para evitar ajuntamentos nos cais. Haverá também campanhas de comunicação.

Na última semana, o Metro de Lisboa teve cerca de 90 mil passageiros por dia, 15% do que é a procura normal e vai reforçar a oferta para 83% logo na segunda-feira. Essa oferta “dá-nos uma garantia de que temos capacidade para aguentar o aumento de tráfego”, cumprindo a regra dos dois termos, mesmo que a procura duplique ou aumente para 400 mil pessoas por semana, diz Vítor Santos.

A retoma dos passageiros não deverá ser imediata, já que se mantém a obrigação do teletrabalho durante mês de maio. Além disso, haverá muito menos turistas a pressionar a procura.  O presidente do Metro apela ainda às pessoas que tiverem de usar o metro que evitem se puderem as horas de ponta. “Com estas ajudas esperamos que tudo se faça na normalidade”.

CP vai repor horário integral dos comboios Urbanos, Regionais e Interregionais

Já a CP vai retomar a oferta normal nos comboios suburbanos e regionais, mas a oferta no longo curso (onde a empresa tem registado quedas de procura de 90%) vai continuar reduzida, ao nível introduzido em 25 de março. A empresa admite reforçar se a procura o justificar. Nestes comboios, será também mantido o controle da lotação, através dos sistemas de venda, disponibilizando apenas dois terços da sua capacidade total. Ainda não há data para retomar os serviço internacionais do Sud Express, até Paris, e do Lusitânia, para Madrid.

A CP afirma ter perdido quatro milhões de euros por semana neste período mais grave de pandemia. Já o Metro de Lisboa teve um “mês desastroso” em termos de receitas, não só pela diminuição da procura, mas também pela não cobrança de bilhetes. Mas não avança valores.