O cardeal-patriarca de Lisboa, Manuel Clemente, defendeu neste domingo a manutenção da suspensão das celebrações comunitárias, alertando que o fim do estado de emergência não significa o fim da pandemia de covid-19 nem do perigo de ela alastrar.
É necessário manter a suspensão das celebrações comunitárias, “a bem da saúde pública”, pois “o fim do estado de emergência não significou o fim da pandemia e do grande perigo de ela alastrar”, se não se mantiver “o cuidado necessário”, afirma o cardeal-patriarca numa nota ao clero da diocese, publicada hoje na página do Patriarcado de Lisboa na internet.
“O Governo não autorizou celebrações religiosas em geral até ao fim deste mês” e “o Santo Padre pediu para todos nós a graça da prudência e da obediência às orientações oficiais, para que a pandemia não regresse”, sublinha Manuel Clemente.
“Custa-nos certamente, mas temos de cumprir, a bem da saúde pública. Atentos ao bem de todos e de cada um, com o cuidado que a sua vida nos requer, da saúde do corpo à do espírito, totalmente considerada e respeitada, para ser vida em abundância”, escreve o responsável.
Na “Carta aos sacerdotes ao serviço no Patriarcado de Lisboa”, Manuel Clemente diz que o adiamento, para 30 de maio, do “regresso das celebrações comunitárias da Missa” constitui uma “dificuldade” para si, mas que tem de ser assim, “a bem de todos”, reconhece.
“Como vós, fui formado para acompanhar presencialmente o Povo de Deus, em especial na celebração eucarística e demais sacramentos, cuja administração nos define e realiza. Assim voltará a ser, logo que possível, como o Povo de Deus tanto anseia — e nós com ele”, acrescenta o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa.
“No que nos cabe, defendemos a saúde dos fiéis e anunciamos a vida ressuscitada de Cristo. Essa mesma que não precisa que lhe abram a porta para se manifestar perto ou longe”, refere ainda Manuel Clemente, que saúda os sacerdotes pela “dedicação demonstrada ao Povo de Deus”.
Especialmente, destaca o cardeal-patriarca, “neste tempo difícil, em que a presença física tem de ser quase substituída pelos meios de comunicação, antigos e novos, ao nosso alcance. Tem sido grande a vossa ação e criatividade neste sentido”.
A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 243 mil mortos e infetou mais de 3,4 milhões de pessoas em 195 países e territórios. Mais de um milhão de doentes foram considerados curados.
Em Portugal, morreram 1.023 pessoas das 25.190 confirmadas como infetadas, e há 1.671 casos recuperados, de acordo com a Direção-Geral da Saúde.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
Para combater a pandemia, os governos mandaram para casa 4,5 mil milhões de pessoas (mais de metade da população do planeta), encerraram o comércio não essencial e reduziram drasticamente o tráfego aéreo, paralisando setores inteiros da economia mundial.
Face a uma diminuição de novos doentes em cuidados intensivos e de contágios, alguns países começaram a desenvolver planos de redução do confinamento e em alguns casos a aliviar diversas medidas.