Na semana em que o Reino Unido começa a relaxar as medidas de confinamento, o ministro da Habitação e das Comunidades, Robert Jenrick, anunciou que o país vai reabrir o mercado imobiliário e o setor da construção civil, de forma a iniciar o processo de retoma da atividade económica.

Num briefing, em Downing Street, Robert Jenrick começou por revelar a reabertura do mercado imobiliário, mas com novas regras: as visitas devem ser virtuais, mas se forem presenciais deverão respeitar as regras de segurança — como o distanciamento social e a limpeza de todo o espaço antes e após a visita. O mercado imobiliário vai, assim, reabrir, permitindo a 450.000 pessoas que estavam “no limbo” retomar o processo de compra de casa. Jenrick adiantou ainda que o Governo está a planear um programa de “primeira casa” para o final do ano, que oferecerá um desconto de 30% na compra de habitação a trabalhadores de saúde, professores ou polícias.

Boris e o desconfinamento no Reino Unido. “Ainda não é a altura”

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O ministro vai ainda permitir que as obras de construção civil retomem a atividade e com horários flexíveis, até às 21h nas áreas residenciais, de forma a permitir o cumprimento do distanciamento social entre os trabalhadores. “A medida destina-se a ajudar a indústria”, frisou.

O responsável pela pasta da Habitação sublinhou que o coronavírus está a ter uma “impacto profundo” na economia, com vários negócios prejudicados, dos maiores aos mais pequenos. “É importante, nas regiões onde seja seguro, começar de forma cautelosa a reabrir algumas partes da economia”.

Encontros fora de casa só com uma pessoa e novos apoios a lares

Robert Jenrick enunciou ainda as novas regras em vigor a partir desta semana: quem não conseguir trabalhar a partir de casa deve combinar com o empregador o regresso ao trabalho. Além disso, os britânicos podem sair para fazer exercício físico livremente, e combinar encontros apenas com uma pessoa fora de casa, mas mantendo a distância de segurança. Esta semana ficará ainda decidido quando e como poderão reabrir os locais de culto.

Já sobre a situação nos lares, com vários casos de infeção, Robert Jenrick respondeu que o governo está “a fazer de tudo” e lembrou a verba de 600 milhões de euros anunciada pelo primeiro-ministro, Boris Johnson para apoio financeiro na aquisição de material de proteção. Questionado sobre se estão a ser feitos os testes necessários, o ministro respondeu que “claro que podemos fazer mais”, e que as atenções têm de se estendidas aos profissionais dos lares.

Reino Unido já realizou mais de 2 milhões de testes. “Em todo o país, já houve um pico, um planalto e uma curva descendente”

A sub-diretora Geral da Saúde britânica, Jenny Harries, disse que já foram realizados mais de 2 milhões de testes no Reino Unido. “À medida que o número de testes aumenta, o número de casos confirmados continua a descer. É um sinal muito positivo”. Só esta terça-feira, foram realizados 87.063 testes.

Harries acrescentou ainda que há ainda “muito trabalho a fazer” pelos profissionais do SNS. Mas salienta que há uma “tendência positiva” decrescente, embora “lenta” no número de casos hospitalizados, frisando, por isso, a necessidade de garantir distanciamento social durante as próximas fases do plano de desconfinamento. Jenny Harris disse ainda que “apenas 21% das camas de cuidados intensivos estão ocupadas com doentes com Covid-19”. “Em todo o Reino Unido, já houve um pico, um planalto e uma curva descendente”, sublinhou ainda. O número de pessoas hospitalizadas diminuiu 15% face há uma semana.

A responsável adiantou também que o uso de transportes públicos diminuiu em 50%.

Questionada sobre a reabertura das escolas (prevista para junho), a subdiretora-geral da Saúde britânica, Jenny Harries, acrescentou que as crianças vulneráveis beneficiam com o regresso à escola. “Se uma criança nos primeiros anos não assimilar o básico do ensino… [pode] afetar a sua saúde a longo prazo. Não devemos apenas pensar no que está a acontecer neste minuto, mas no que acontece ao longo da vida de uma criança.” Robert Jenrick acrescentou que os governos querem a reabertura de escolas quando for seguro e disse que a “porta está sempre aberta” para que possa negociar com os sindicatos esse regresso de forma segura.