O Comité Central do PCP avaliou no sábado os elementos da preparação da Festa do Avante nas atuais circunstâncias e o partido não abdica de a fazer se estiverem reunidas as condições, afirmou este domingo Jerónimo de Sousa.

Em conferência de imprensa sobre as conclusões da reunião de sábado do Comité Central, confrontado com a posição do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, de que nenhuma festa partidária ou popular deve ter regras diferentes das demais, o secretário-geral do PCP retorquiu: “Pois não, nem direitos a menos”.

“Nestes próximos meses iremos tendo em conta a realidade social, sanitária, tendo em conta o desenvolvimento deste processo. Aquilo que garantimos é que faremos a festa se estiverem reunidas as condições para o fazer — disso não abdicamos”, afirmou o líder comunista.

Segundo Jerónimo de Sousa, “em relação à Festa do Avante, o Comité Central avaliou os elementos da sua preparação nas circunstancias atuais, designadamente no plano das medidas de proteção sanitária” face à pandemia de Covid-19. “Estamos a quatro meses da realização da festa, mas a garantia é que, tal como em outras festas anteriores, das primeiras entidades a que recorremos é sempre a Direção-Geral da Saúde para garantir as condições sanitárias na nossa Festa do Avante”, acrescentou.

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PCP anuncia comício para 7 de junho contra a retirada de direitos

Durante a mesma conferência de imprensa, Jerónimo de Sousa revelou que o PCP vai realizar um comício em Lisboa no dia 7 de junho contra a retirada de direitos, acrescentando que o partido não abdica da atividade política como direito inalienável. Jerónimo anunciou também “uma ação de defesa e valorização do Serviço Nacional de Saúde (SNS) incluindo a 28 de maio um dia de divulgação da proposta de programa de emergência para o SNS”.

Quanto ao comício de dia 7 de junho, este marcará o início de um conjunto de iniciativas sob o lema “Nem um direito a menos, confiança e luta por uma vida melhor”, e rejeitou que se coloque em causa “o direito inalienável da atividade política”. “Era o que mais faltava que neste momento se procurassem cercear as liberdades democráticas, a atividade política, coisa que o povo português não aceita, e que sacudiu e acabou há 40 anos. Teremos em conta, naturalmente, as medidas que se verificam em termos de segurança sanitária, isso posso garantir, corresponderemos à realidade e às medidas que se aplicam”, afirmou.

Jerónimo de Sousa anunciou ainda que o PCP vai realizar “uma jornada de contacto e informação junto dos trabalhadores com início em 21 de maio”, inserida na campanha “Valorizar o trabalho e os trabalhadores. Não à exploração!” e “uma linha de ação e contactos dirigida aos micro, pequenos e médios empresários e trabalhadores por conta própria a partir de junho”.

“Não peçam ao PCP que se cale numa altura em que tanta gente sofre o drama do isolamento, da falta de rendimentos, sem futuro a olhar para a frente para a sua vida. Era o que faltava o PCP calar-se nesta altura em que a democracia continua a vigorar em pleno”, reforçou.

Segundo o PCP, “perante um quadro político marcado pelas opções do Governo do PS, bem como pelo aproveitamento por parte de PSD, CDS, Chega e Iniciativa Liberal para branquear o seu posicionamento e projetar valores e conceções antidemocráticas, intensificou-se a ofensiva ideológica dirigida contra os trabalhadores e o povo português”, pretendendo-se “contrapor a ‘defesa da economia’ aos direitos de quem trabalha, ou a defesa da saúde ao próprio direito à liberdade”.

“As comemorações do 25 de Abril e a jornada do 1.º de Maio apontam o caminho. Enfrentando e vencendo a chantagem antidemocrática, garantindo as necessárias medidas de prevenção e proteção sanitárias, impõe-se, para o presente e para o futuro, a utilização dos instrumentos de intervenção e luta que a Constituição da República Portuguesa consagra”, declarou Jerónimo de Sousa.

PCP ainda sem decisão sobre presidenciais

O secretário-geral comunista afirmou que o partido ainda não decidiu de que forma irá participar nas presidenciais e sugeriu que primeiro-ministro e Presidente da República se entendam, se for essa a opção.

Na conferência de imprensa sobre as conclusões da reunião do Comité Central, Jerónimo foi questionado sobre este tema a propósito das declarações que o primeiro-ministro e secretário-geral do PS, António Costa, fez na quarta-feira, manifestando a expectativa de trabalhar com o atual Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, num segundo mandato. “Quanto à afirmação de António Costa em relação a Marcelo Rebelo de Sousa, aquilo que podemos dizer é que: entendam-se, se é essa a opção, que a façam”, sugeriu.

Interrogado se está decidido que o PCP vai ter um candidato e se será escolhido antes ou durante o Congresso de novembro, Jerónimo de Sousa declarou: “É uma questão pertinente. Naturalmente que participaremos nessa batalha. Em relação à forma, não está definido, o Comité Central não o definiu”. “Da parte do PCP, com toda a sua autonomia e a sua independência, garanto que vamos ter intervenção nas presidenciais”, acrescentou.

Questionado se está fora de causa o PCP poder vir a apoiar o atual Presidente da República, Jerónimo de Sousa respondeu: “Como disse, entre nós não discutimos a questão das presidenciais no Comité Central. Fá-lo-emos em breve e não queria antecipar juízos de valor em relação a uma decisão que ainda não tomámos”.