Com a primeira onda de calor do ano, milhares de gregos procuraram refúgio na Riviera ateniense no último fim de semana, para fazerem o que não lhes era permitido desde 23 de março (data em que foi decretado o confinamento geral), como seja nadar, descansar e aproveitar os raios de sol fora de casa.
O Governo, liderado por Kyriakos Mitsotakis, — que desde 4 de maio tem vindo a reduzir de forma gradual o confinamento no país devido à pandemia de Covid-19 — autorizou a abertura de 515 praias e milhares de banhistas encheram os areais. Um cenário que todos os anos se repetia e que, agora, tem de obedecer às novas regras de distanciamento.
As cadeiras e os passadiços são desinfetados, não são permitidas mais de 40 pessoas por mil metros quadrados e os guarda-sol de cada um devem estar a quatro metros de distância. Já os toldos devem ser colocados a menos de um metro, de acordo com um manual emitido pelo Governo. As regras também se estendem aos clubes de praia, que podem ter as portas abertas mas sem música ou bebidas alcoólicas — tudo o que possa incentivar a interação social.
Previsto nesse manual está também a utilização de drones, que vão poder sobrevoar as praias com o objetivo de detetarem “zonas congestionadas” ou “ajuntamentos”, segundo revelou Zissimos Zissos, um funcionário da Câmara, ao jornal The Guardian, ao mesmo tempo que se serviu de um drone para apelar aos banhistas que têm de “manter a distância” e, dessa forma, respeitarem a saúde pública.
Por ser novidade, a mensagem não deixou ninguém indiferente no areal, segundo Zissos. “Choca as pessoas, que olham para cima e depois afastam-se”. Neste primeiro fim de semana de sol, também a polícia e os guardas municipais controlaram a distância entre guarda-sóis, bem como pediam aos banhistas que respeitassem as regras ou corriam o risco de serem multados.
“É uma jornada em direção a um mundo novo, diferente”, disse Giorgos Papanicolaou, presidente da Câmara de Glyfada, cujo município administra uma longa extensão de praia situada na parte sul da área urbana de Atenas. “Mas correu melhor do que esperávamos. As crianças são um pouco mais difíceis de controlar, mas até agora não houve nenhuma multa ou penalização”, acrescentou Papanicolaou.
No sul da Europa , depois do confinamento, os países viram-se, agora, para a recuperação económica. Salvar o turismo é crucial. A Grécia, um país que tem 11 milhões de pessoas, é um dos mais dependentes desse setor na Europa — com um quinto da força de trabalho grega (mais de um milhão de pessoas) dedicada ao turismo. Com a aplicação de medidas de confinamento logo em março, a Grécia registou menos casos de Covid-19 do que os países vizinhos — mais de 2.800 infeções com 160 mortes.
Após a reabertura das praias gregas, as pessoas poderão assistir à missa em igrejas a partir de 17 de maio, enquanto que os sítios arqueológicos, incluindo a Acrópole, serão reabertos para visitantes em 18 de maio. Nesta segunda-feira passaram a ser permitidas viagens pela Grécia continental e Creta, e de 25 de maio para as ilhas.
Este ano, contudo, a Grécia pode ser forçada a confiar no turismo doméstico, tal como Espanha ou Itália. No entanto, mais do que nunca, serão os turistas estrangeiros — o principal pilar do turismo grego — que o país espera atrair quando, se tudo correr bem, relaxar o controle das fronteiras a 1 de julho. O vasto arquipélago de ilhas gregas, ainda fora dos limites para os visitantes, permaneceu sem casos de Covid-19.