A data é simbólica e coincide com a reabertura progressiva em todo o país de museus, palácios, monumentos e sítios arqueológicos. O Dia Internacional dos Museus, instituído em 1977 pelo ICOM (Conselho Internacional de Museus) assinala-se esta segunda-feira sob o lema “diversidade e inclusão”. Vai abranger diversas iniciativas de norte a sul do país, com entrada gratuita em quase todas as instituições museológicas (costumam estar fechadas às segundas, mas não desta vez). Há também propostas online que dão continuidade ao registo adotado durante os meses de confinamento.
Porém, com uma ressalva: no âmbito das decisões do Governo em torno da pandemia do novo coronavírus, o Ministério da Cultura e a Direção-Geral do Património recomendam “normas de segurança” idênticas para todos os equipamentos, sejam públicos ou privados. A saber, de acordo com um resumo enviado à imprensa pelo Ministério da Cultura: “Higienização das mãos e dos espaços, etiqueta respiratória, distância mínima de dois metros” e ainda prioridade para “visitas de grupo de lotação mais reduzida, venda de bilhetes previamente agendada, pagamentos por multibanco e circuitos sinalizados”.
Se no Museu Gulbenkian vai apresentar um conjunto de debates online, o Museu de Serralves convida para uma visita aos jardins da fundação e tem uma nova mostra pronta a inaugurar, enquanto, por exemplo, no Museu Nacional de Arte Antiga cruza desenhos do Renascimento com obras de Julião Sarmento.
A nível oficial, o Governo vai desdobrar-se em ações. A ministra da Cultura visita nesta segunda-feira às 11h00 o Museu Nacional de Arte Antiga, onde serão adiantados pormenores sobre o restauro dos Painéis de São Vicente, uma das obras emblemáticas da pintura europeia. Graça Fonseca segue para o Palácio Nacional de Mafra, para um concerto dos carrilhões às 14h30, e às 18h30 inaugura no Porto uma exposição de Lourdes Castro no Museu de Serralves.
Já a secretária de estado do Património Cultural estará ao fim da manhã no Mosteiro de Alcobaça e à tarde visita no Palácio Nacional da Ajuda, em Lisboa, as obras de requalificação que ali decorrem.
Em linha com a recente proposta de “articular a programação digital com a dimensão sensorial da programação”, recomendada pelo ICOM Portugal, o Dia Internacional dos Museus conjuga iniciativas no ecrã e fora dele. Eis uma lista não exaustiva do que há para ver e fazer nesta segunda-feira.
Centro Internacional das Artes José de Guimarães, Guimarães — vídeos online, a partir das 11h00
São três vídeos com lançamento marcado para 11h00, 18h00 e 21h00 através do Facebook e do Instagram do CIAJG. Cada qual apresenta uma perspetiva da instituição: enquanto lugar de coleção de arte, enquanto lugar de organização e fruição de exposições e enquanto projeto de mediação cultural. O primeiro, por exemplo, dá a conhecer as coleções que José de Guimarães reuniu nas últimas cinco décadas, de arte africana, pré-colombiana e chinesa, bem como obras criadas pelo próprio artista. Quanto à reabertura ao público, ainda não está definida.
Museu de Serralves, Porto — nova exposição, a partir das 18h30
Lourdes Castro: A Vida É Como Ela É marca o regresso à atividade do museu portuense de arte contemporânea, com inauguração presencial às 18h30 e transmissão via Instagram. Junta trabalhos da artistas realizados entre os anos 50 e os anos 2000. Além disso, voltam a estar abertas exposições já inauguradas, de Paula Rego ou de Arthur Jafa, e também o Parque de Serralves pode ser novamente visitado. Logo pelas 10h30 o responsável pelo espaço, António Gouveia, e a presidente da Associação Portuguesa dos Jardins Históricos vão falar sobre “A Importância dos Jardins Históricos no Século XXI”.
Ainda por iniciativa de Serralves, mas noutro local, pode ser vista a instalação Sonhei Que a Tua Casa Era Uma Linha (Versão Porto), de Pedro Cabrita Reis (ou simplesmente Cabrita): no Centro de Arte Contemporânea Quinta da Cruz, em Viseu, a partir das 18h00 desta segunda-feira, até 15 de novembro. É uma obra comprada em 2017 pela Coleção Fundação de Serralves, com elementos de alumínio e luzes fluorescentes. A iniciativa faz parte do conjunto de exposições itinerantes que Serralves tem vindo a promover.
Museu Nacional de Arte Antiga, Lisboa — nova exposição, a partir das 10h00
A Linha Que Fecha Também Abre é a novidade do MNAA para o Dia Internacional dos Museus. Na Sala do Teto Pintado cinco desenhos do artista visual Julião Sarmento dialogam com oito desenhos italianos do Renascimento, com comissariado de João Pinharanda. Há mais: será revelado um desenho de Domingos Sequeira, aquisição recente do museu, e é retomada a exposição dedicada a Peeter Balten, pintor flamengo do século XVI, que teria fechado a 10 de maio. Finalmente, a partir das 19h00, o pianista Pedro Emanuel Pereira dá um concerto à porta fechada, sem público, que a Antena 2 irá transmitir em direto.
Museu Coleção Berardo, Lisboa — visitas guiadas, a partir das 16h00
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Com entrada gratuita, o museu localizado no Centro Cultural de Belém propõe exposições temporárias que não chegaram a abrir ao público ou tiveram de ser prolongadas devido à pandemia do novo coronavírus. Esta segunda, há visitas guiadas para um máximo de oito pessoas a “Julian Opie. Obras Inéditas”, primeira exposição individual em Lisboa do artista britânico (que teve inauguração virtual a 18 de março). Retomam-se agora as temporárias inauguradas em fevereiro: “Mutações. The Last Poet”, de Joana Escoval, e “Deeper Shades. Lisboa e Outras Cidades”, de Andreas H. Bitesnich.
MAAT, Lisboa — música online, das 16h00 às 21h00
O Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia está fechado desde dezembro para obras de adaptação (iniciadas mais cedo do que o previsto por causa da destruição provocada por uma tempestade). Com nova diretora artística, Beatrice Leanza, o museu da Fundação EDP deverá anunciar em breve pormenores sobre a reabertura, inicialmente apontada para 27 de março.
Para comemorar o Dia Internacional dos Museus, há uma iniciativa musical com transmissão no YouTube: “Nyege Nyege: Uma Nova Esperança” (Nyege Nyege é um coletivo de produção e um festival de música do Uganda).
Trata-se de um conjunto de performances a partir de cinco sítios — África do Sul, do Mali, da Tanzânia, de Santa Lúcia nas Caraíbas, da Ilha de Reunião e do Uganda — com nomes como os de Menzi e os bailarinos Tshipo e Amabhotela, DJ Chengz ou HHY & The Kampala Unit. É o primeiro capítulo do projeto “Terra Irada”, com curadoria de Pedro Gomes, que se estenderá ao longo dos próximos meses.
Museu Gulbenkian, Lisboa — debates online, a partir das 11h00
Desde sábado que o museu reforçou a programação online como forma de celebrar o regresso à atividade, mas várias novidades estão reservadas para esta segunda-feira. Às 11h00, a diretora, Penelope Curtis, acolhe visitantes virtuais em direto e guia-os pelas galerias do museu. Vários debates serão organizados ao longo do dia e entre eles destaca-se “Viver tempos incertos, imaginar tempos certos: qual o papel do museu?“, com a curadora Rita Fabiana e os artistas Ângela Ferreira, Hugo Canoilas e Horácio Frutuoso. A transmissão é no YouTube. À parte a dimensão virtual, a Gulbenkian retoma agora A Idade de Ouro do Mobiliário Francês: da Oficina ao Palácio, exposição inaugurada a 6 de março.
Museu do Chiado, Lisboa — nova exposição, a partir das 10h00
Uma investigação da curadora Maria de Aires Silveira em torno da pintura Otelo e Desdémona, do espanhol Muñoz Derain (1840-1924), resulta na nova mostra do Museu do Chiado. A obra integrou a coleção do museu na fundação, em 1911, e foi exibida uma única vez em 1913, informa a instituição. Nos Palcos da Paixão, assim se chama a exposição, é acompanhada por duas propostas já em curso antes da pandemia: Biografia do Traço. Coleção de Desenho (1836-1920), também com curadoria de Maria de Aires Silveira, e Pedro Gomes. Encontro às Cegas, com curadoria de Emília Ferreira e Hugo Dinis.
Debate sobre “igualdade” nos museus — 21h00, online
Por fim, um seminário digital promovido pelo Conselho Internacional de Museus em Portugal (ICOM). Intitula-se “Museus para a Igualdade: Diversidade e Inclusão, Investigação, Comunidades, Criatividade”. A iniciativa tem sobretudo interesse para profissionais da museologia e decorre em direto a partir das 21h00 na plataforma Zoom. Os convidados são Maria de Jesus Monge (ICOM), Mário Moutinho (Universidade Lusófona), Mário Antas (consórsio internaiconal EULAC Museums and Community) e Miguel Feio (projeto europeu COSMUS – Community School Museums).