A coordenadora nacional do Bloco de Esquerda afirmou esta quinta-feira recear que um prolongamento da possibilidade de as empresas recorrerem ao layoff para além de junho seja uma “forma de regularizar salários baixos para o futuro.

Catarina Martins disse recear que o prolongamento desta medida, criada para apoiar as empresas durante o período mais crítico da pandemia, “seja uma forma de regularizar salários baixos para o futuro” e considerou “importante medidas de apoio diretas a micro e pequenas empresas que não conseguem manter o emprego numa situação de crise, para a manutenção do emprego com a remuneração a 100 por cento”.

“Se o layoff se torna a normalidade, o que estamos a dizer é que os salários em Portugal estão todos a desvalorizar”, advertiu Catarina Martins, após questionada pelos jornalistas, à margem da “Marcha pelo Emprego”, em Sines, em que participou. O prolongamento da possibilidade de as empresas recorrerem ao layoff, que permite a suspensão parcial do contrato de trabalho ou redução de horário, com redução de salário, tem sido reclamada por várias entidades patronais.

Na “Marcha pelo Emprego”, convocada pelo Sindicato dos Trabalhadores das Industrias Transformadoras, Energia e Atividades do Ambiente do Sul (SITE-Sul), contra a precariedade, Catarina Martins classificou como “chocante” a situação de centenas de trabalhadores precários do complexo industrial de Sines, criticando em particular a Galp.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“Acho particularmente chocante a situação em Sines em que centenas de trabalhadores já foram despedidos, em que há uma empresa, a Galp, que despediu imensos trabalhadores na refinaria de Sines para logo a seguir ir distribuir dividendos e lucros aos acionistas que irão para um qualquer offshore e que servem para tudo menos para proteger o país”, afirmou.

“É preciso proibir a distribuição de dividendos e proibir o despedimento dos trabalhadores, obrigando ao prolongamento dos contratos a prazo a todas as empresas que têm lucro e nas empresas que naturalmente estão a receber apoios públicos para manter emprego”, adiantou.

Para Catarina Martins, estes trabalhadores prestavam serviço “para grandes empresas lucrativas, com participação do Estado, como a Galp, e com muitos contratos públicos, como a Martifer”, por isso defende “medidas para responder à crise, protegendo o emprego, o salário e quem aqui vive”.

“Há empresas a lutar para sobreviver à crise e há muitas que estão a aproveitar a ocasião para abusar dos trabalhadores e grandes empresas com responsabilidade para manter o emprego e a primeira coisa que fizeram foi despedir ou mandar para o layoff os trabalhadores”, sublinhou.

A “Marcha pelo Emprego”, que reuniu cerca de 300 pessoas, que percorreram as ruas da cidade de Sines, num cordão humano, cumprindo o distanciamento social, serviu para exigir “a readmissão de todos os trabalhadores despedidos, o fim da precariedade e a passagem dos trabalhadores a efetivos nas várias empresas”.

O SITE-Sul defende ainda que “a cada posto de trabalho permanente, deve corresponder um posto de trabalho efetivo” garantindo estabilidade no emprego e que “deve ser dada preferência aos trabalhadores locais” no momento da admissão.

A atribuição do subsídio de desemprego para todos os trabalhadores sem qualquer exceção e o a atualização do valor hora pago a cada trabalhador para 21 euros, são outras das reivindicações do sindicato que fala no despedimento de centenas de trabalhadores do complexo industrial de Sines.