Usar ou não usar máscara? Ficar a um metro ou dois de distância das outras pessoas? Pôr óculos ou viseira ou não? Certamente que já ouviu todo o tipo de recomendações, com algumas delas a serem contrárias às anteriores. Foi por isso que a Organização Mundial de Saúde pediu que se fizesse um estudo que compilasse toda a informação existente sobre o assunto, para assim poder aconselhar os Estados-membros, as organizações e a população.
De destacar que “nenhuma destas medidas confere proteção completa contra a infeção” e que para perceber em que situações fornecem o máximo de segurança é preciso testá-las em vários contextos diferentes.
A revisão de 172 estudos observacionais, feitos em 16 países de seis continentes — sobre o SARS-CoV-2, mas também sobre o SARS e MERS — foi publicada esta segunda-feira na revista científica The Lancet. A principal conclusão é que quanto mais distantes estivermos uns dos outros, menor a probabilidade de transmissão do vírus e que esta distância nunca deve ser inferior a um metro — idealmente dois.
Sem surpresa, as máscaras N95 e respiradores semelhantes oferecem melhor proteção que as máscaras cirúrgicas ou as comunitárias. Não quer isto dizer que deve ir a correr comprar uma máscara N95, estas devem estar reservadas para os profissionais de saúde ou pessoas que contactam de perto com os doentes. Mas para quem tem de lidar com doentes infetados com o SARS-CoV-2 serve de alerta: as máscaras cirúrgicas são uma proteção insuficiente.
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O estudo destaca, no entanto, que as conclusões são baseadas em estudos observacionais, ou seja, que olham para o passado e que tentam encontrar relações entre situações — como distância e transmissão do vírus. E que, portanto, há alguma segurança em relação à importância do distanciamento, mas a evidência sobre máscaras e óculos de proteção é ainda muito mais fraca. Para se obterem dados mais conclusivos são precisas experiências desenhadas para testar cada uma destas medidas (como se de um ensaio clínico a um medicamento se tratasse).
“Ainda que os nossos resultados forneçam evidências de certeza moderada ou baixa, este estudo dá as melhores evidências atualmente disponíveis para orientar o uso ideal dessas medidas”, diz Karla Solo, investigadora na McMaster University, e uma das autoras, citada pelo jornal La Vanguardia.
O objetivo principal desta revisão sistemática era fornecer informação para que as orientações entre as várias organizações em todo o mundo fossem harmonizadas, por exemplo, definir que um contacto próximo de uma pessoa infetada é alguém que esteve a menos de dois metros dessa pessoa. Nos planos de contenção da doença, este tipo de contactos deve ser identificado e analisado para se ter a certeza se foi ou não infetado.
Mas os autores do artigo também têm uma mensagem para a população em geral. “Há evidências que o distanciamento social de pelo menos um metro é altamente eficaz e que a máscaras faciais estão associadas com a proteção, mesmo fora dos espaços de saúde, quer com máscaras cirúrgicas ou reutilizáveis”, escrevem. “A proteção dos olhos é tipicamente desconsiderada, mas pode ser eficaz nos ambientes comunitários.”
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Os autores deixam, no entanto, uma mensagem importante: “Nenhuma intervenção, mesmo quando corretamente usada, se mostrou capaz de proteger completamente contra a infeção”. E acrescentam que não nos podemos esquecer das medidas de higiene, como a lavagem frequente das mãos.
Corrigido: data de publicação da revista The Lancet.