A Polícia Federal brasileira determinou na terça-feira a abertura de um inquérito para apurar a divulgação de dados pessoais do Presidente, Jair Bolsonaro, dos seus filhos e ministros, pelo grupo de hackers (piratas informáticos) Anonymous Brasil.
Segundo a revista Época, do grupo Globo, a Polícia Federal está ainda a definir o delegado que irá conduzir a investigação, que visa apurar crimes previstos no Código Penal brasileiro, na Lei de Segurança Nacional e na Lei das Organizações Criminosas.
A abertura do inquérito surgiu horas depois do ministro da Justiça do Brasil, André Mendonça, ter informado na rede social Twitter que determinou à Polícia Federal o início das investigações à divulgação “de informações pessoais do Presidente, Jair Bolsonaro, seus familiares e demais autoridades”.
Determinei à @policiafederal abertura de inquérito para investigar vazamento de informações pessoais do presidente @JairBolsonaro, seus familiares e demais autoridades.
— André Mendonça (@MinAMendonca) June 2, 2020
Já Bolsonaro indicou que se tratou de uma “medida de intimidação” e que serão tomadas medidas legais.
“Em clara medida de intimidação, o movimento de hacker Anonymous Brasil divulgou, em conta do Twitter, dados do Presidente da República e familiares. Medidas legais estão em andamento, para que tais crimes não passem impunes”, escreveu o chefe de Estado na mesma rede social.
– Em clara medida de intimidação o movimento hacktivista "Anonymous Brasil" divulgou, em conta do Twitter, dados do Presidente da República e familiares.
– Medidas legais estão em andamento, para que tais crimes, não passem impunes.
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) June 2, 2020
Segundo informações publicadas pelos media locais, os piratas informáticos publicaram dados pessoais, como endereços, números de documentos e contactos telefónicos dos atingidos em links, entretanto apagados pelo Twitter. Foram também divulgadas informações sobre registos de empregos, rendimentos e bens, como imóveis e automóveis.
Além do chefe de Estado brasileiro, foram alvo do ataque os filhos envolvidos na atividade política: Flávio, Eduardo e Carlos Bolsonaro.
Também tiveram informações pessoais divulgadas ilegalmente os ministros da Educação, Abraham Weintraub, a ministra da Mulher e Direitos Humanos, Damares Alves, além de outros apoiantes conhecidos do Presidente brasileiro, como o empresário Luciano Hang.
Nas suas redes sociais, Carlos Bolsonaro confirmou a divulgação das suas informações pessoais.
“A turma ‘pró-democracia’ vazou os meus dados pessoais e de outros na internet. Após vermos violações do direito à livre expressão, agora ferem a privacidade. Sob a desculpa de ‘combater o mal’, justificam seus crimes e fazem justamente aquilo que nos acusam, mas nunca provam!”, escreveu.
Uma clara tentativa de intimidação diante do momento que o Brasil e o mundo vivem. Medidas legais estão em andamento, para que tais movimentos, não passem impunes!
— Carlos Bolsonaro (@CarlosBolsonaro) June 2, 2020
O empresário Luciano Hang disse que os seus documentos foram usados para pedir o auxílio de emergência do governo para pessoas de baixos rendimentos durante a pandemia de Covid-19.
Já o ministro Weintraub declarou que, a par da sua família, tem sido ameaçado de morte.
“Muitas famílias patriotas estão a ser ameaçadas. Os nossos lares não estão mais seguros. Querem-nos calar. Não me lamento, escolhi essa trilha. A luta pela liberdade e a defesa da ordem é fundamental para termos um país onde criar nossos filhos”, escreveu o ministro da Educação no Twitter.
Isso tem se repetindo pelo Brasil. Muitas famílias patriotas estão sendo ameaçadas. Nossos lares não estão mais seguros. Querem nos calar. Não me lamento, escolhi essa trilha. A luta pela LIBERDADE e a defesa da ordem é fundamental para termos um país onde criar nossos filhos.
— Abraham Weintraub (@AbrahamWeint) June 2, 2020