A maioria do público, especialmente os mais versados em temas tecnológicos, conhece três empresas de Elon Musk. Para começar a Tesla, das baterias e dos veículos eléctricos, a SpaceX, dos foguetões, e a Starlink, que colocou em órbita 540 satélites (dos primeiros 120.000 previstos), destinados a providenciar Internet mais rápida e mais barata a todo o planeta, mesmo em regiões mais remotas. Porém, a empresa de Musk que está a esburacar o subsolo de Las Vegas é outra, a Boring Company.

Especializada em túneis, como forma de evitar o trânsito (e as demoras) à superfície, a Boring assinou um contrato com a cidade construída no deserto do Nevada, mais precisamente com o Las Vegas Convention and Visitors Authority (LVCVA), que é “só” o maior centro de convenções do mundo, integrando já um hotel e que está em vias de crescer consideravelmente. Com um custo de 50 milhões de dólares e agendado para 2021, o objectivo é construir um sistema de loop que sirva os diferentes locais do LVCVA, facilitando a deslocação dos clientes e visitantes do centro de convenções.

Depois do contrato com o LVCVA ter sido assinado em Maio de 2019 e de as escavações terem sido dadas como concluídas em Maio de 2020, eis que no início de Junho surgiu outro cliente a encomendar uma extensão do loop para servir o seu hotel, o Encore At Wynn, ligando-o ao LVCVA. Com a vantagem de este hotel já estar localizado na Strip, onde ficam as melhores e mais conhecidas unidades hoteleiras da cidade.

E se Musk esperava que depois ao primeiro hotel da Strip a contratar a Boring surgissem muitos outros, bem que se pode dizer que acertou em cheio. Poucos dias depois do Encore, foi a vez de o Resort World Las Vegas, ainda em construção e do outro lado da Strip, requisitar a ligação ao loop. E para este hotel, que irá custar qualquer coisa como 4,3 mil milhões de dólares, o preço do túnel será uma “pechincha”.

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Nos túneis de Las Vegas apenas circularão Model X (a Tesla está a ponderar um veículo mais comprido, capaz de transportar 12 pessoas para um futuro próximo), de início com um responsável sentado ao volante, ainda que não conduzindo. Face às características da solução pretendida para Las Vegas, com múltiplas paragens, separadas por cerca de um quilómetro em alguns casos, a velocidade dos veículos não ultrapassará 60 km/h, em vez dos 200 km/h pensados para túneis com 20 a 50 km, destinados a ligar o centro das cidades aos aeroportos ou às estações de comboio.

O contrato assinado com Las Vegas é também um cartão-de-visita para a Boring Company que, para ser viável, necessita de crescer nesta cidade do Nevada, além de encontrar outros clientes para continuar a esburacar. É também um processo de aprendizagem, uma vez que as complexas e pesadas máquinas de perfurar – em inglês “boring” e daí o nome da empresa – são igualmente produzidas por Musk.