É uma verdadeira pandemia de hashtags (a expressão usada nas redes sociais para organizar a informação) trazida pela pandemia do coronavírus ao Governo português. Começou no “#EstamosOn”, o site dedicado à partilha de informação relacionada com a Covid-19, passou pelo #EstudoemCasa, e já vai no Turismo e na campanha das 100 mil experiências turísticas em Portugal: “#TuPodes, Visita Portugal”. E, desta vez, a campanha turística é virada para os de dentro, para que visitem Portugal. Enquanto o país não pode contar com o motor económico dos últimos anos a carburar em pleno, chama os seus a aproveitarem um país “só para eles”, palavras do primeiro-ministro.

A campanha arranca esta terça-feira, significou um investimento de dois milhões de euros e será transmitida nos meios de comunicação social nacionais, com os turistas estrangeiros, que não podem vir a Portugal em tempo de pandemia, a desafiarem os nacionais a viajarem pelo seu próprio país. Em julho, vai estar online uma plataforma digital com 100 mil experiências turísticas disponíveis no país. O Turismo de Portugal conta com o “turismo interno” para a primeira fase da retoma do setor, o mesmo que em 2019 representou cerca de 40% do total de hóspedes no país.

E antes mesmo de a campanha ser lançada, o primeiro-ministro partiu para o Algarve nos feriados de junho, para aproveitar uns dias. Impressão número um:  “Vi o Algarve como não via desde os anos 60. É uma oportunidade rara”. Mau? Para o primeiro-ministro sim, mas para António Costa, o “cidadão egoísta”, nem por isso.

“Se me concedem um minuto para ser um cidadão egoísta: que bom que foi”. António Costa disse mesmo que só se regozijou como primeiro-ministro no regresso, quando apanhou trânsito na autoestrada, em Alcácer do Sal. Depois de anos a repetir que “não há turismo a mais e há um enorme potencial de crescimento”, o primeiro-ministro usa agora a queda na procura provocada pelo coronavírus e o desaparecimento dos turistas como um trunfo pontual.

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“Há quanto tempo tantos lisboetas não iam à Baixa e têm agora o privilégio extraordinário de a poder ver só para si, sem o problema dos últimos anos. Agora não está cheio de gente e consegue-se estar”, atirou Costa na apresentação da campanha, depois do seu ministro de Estado e da Economia, Pedro Siza Vieira, intervir para dizer que há “tanta coisa para ver com olhos diferentes em Portugal”, depois de três meses de fronteiras fechadas e de turismo parado.

Na sala estavam muitos jornalistas estrangeiros, já que a conferência de imprensa seguiu-se a um encontro de António Costa com a imprensa estrangeira em Portugal onde ficou o convite para que assistissem à sessão. Saiu da sala direto para uma entrevista à CNN, que tem uma equipa em Portugal a fazer reportagem por estes dias (ver fotografia em baixo). Até porque o capital interno não chega para fazer mover esta roda à medida do que #oGovernoQuer.