O fabricante de aeronaves brasileiro Embraer informou na segunda-feira ter obtido um empréstimo de 600 milhões de dólares (529,4 milhões de euros) com bancos públicos e privados para enfrentar a crise provocada pela Covid-19.
Em comunicado, a empresa indicou ter concluído contratos de financiamento para exportações no valor total de 600 milhões de dólares (529,4 milhões de euros) e com um prazo até quatro anos.
Metade daquele montante será financiado pelo Banco Nacional do Desenvolvimento Económico e Social (BNDES, instituição financeira de fomento do governo brasileiro), e o restante será financiado por bancos privados e públicos, ainda não divulgados.
“Esse tipo de operação é exclusivamente de rendimento fixo e não altera o atual quadro acionista da Embraer”, acrescentou.
O anúncio surgiu no mesmo dia em que a Embraer apresentou Arjan Meijer como novo presidente e diretor executivo da divisão de aviação comercial, sucedendo de John Slattery.
“Arjan, 47 anos, atuava como ‘Chief Commercial Officer’ [CCO – Diretor executivo comercial] da Embraer Aviação Comercial desde janeiro de 2017. Durante a sua gestão como CCO, foi responsável pela área global de vendas e marketing, contribuindo para a empresa conquistar 35 campanhas de vendas. Arjan entrou na companhia em abril de 2016 como vice-presidente da Aviação Comercial para Europa, Oriente Médio, África e Rússia”, indicou a companhia.
Antes da Embraer, Arjan atuou durante 15 anos em vários cargos de liderança no grupo KLM.
No início do mês, a Embraer anunciou prejuízos de 1,2 mil milhões de reais (210 milhões de euros) no primeiro trimestre do ano.
O resultado negativo foi provocado pelo impacto da pandemia da covid-19 na produção de aeronaves e no declínio da receita operacional, aliados ao crescimento das perdas cambiais da moeda brasileira em relação ao dólar norte-americano.
A operação da Embraer deverá ainda ser duramente atingida pelo cancelamento, em abril, de um acordo para a criação de uma ‘joint-venture’, que incluía a venda de divisão de aviões comerciais para a fabricante norte-americana Boeing.
Também foi cancelado um acordo entre a Embraer e a Boeing sobre a promoção e comercialização do avião militar C-390 Millenium.
A Embraer estimou que a desistência da Boeing na parceria gerou perdas de 485 milhões de reais (82,9 milhões de euros) e já anunciou ter dado início aos procedimentos arbitrais relativos à rescisão do acordo para sanar este prejuízo.
A Embraer é fabricante e líder mundial de aeronaves comerciais com 150 lugares e tem mais de 100 clientes em todo o mundo.
A empresa brasileira mantém unidades industriais, escritórios, centros de serviço e de distribuição de peças, entre outras atividades, nas Américas, África, Ásia e Europa.
Em Portugal, no Parque de Indústria Aeronáutica de Évora, funcionam duas fábricas da Embraer, que também é acionista da OGMA – Indústria Aeronáutica de Portugal, com 65% do capital, em Alverca.
A pandemia de Covid-19 já provocou mais de 434 mil mortos e infetou quase oito milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
As medidas para combater a pandemia paralisaram setores inteiros da economia mundial e levaram o Fundo monetário Internacional (FMI) a fazer previsões sem precedentes nos seus quase 75 anos: a economia mundial poderá cair 3% em 2020, arrastada por uma contração de 5,9% nos Estados Unidos, de 7,5% na zona euro e de 5,2% no Japão.