A autobiografia de Woody Allen, “A propósito de nada”, chega às livrarias portuguesas no dia 23 de julho, publicada pelas Edições 70, do grupo Almedina. A propósito do novo livro, Woody Allen deu uma entrevista ao El País, onde responde sobre as acusações de ter abusado sexualmente da filha quando esta tinha apenas 7 anos. “A ideia era tão absurda que nunca falei disso. Trabalhei e continuei a trabalhar, nunca me importei. Era uma coisa dos tabloides que basicamente viviam disso”, afirmou. 

A polémica história de um alegado abuso sexual praticado contra a filha, de que é acusado, mas que o realizador sempre negou e que nunca foi provado, é precisamente um dos temas que o cineasta aborda em “A propósito de nada”. Em 2014, Dylan Farrow, filha adotiva de Woody Allen e de Mia Farrow, acusou o pai de ter abusado sexualmente dela em 1992, quando tinha apenas sete anos, uma acusação que reiterou em 2018, mas que Woody Allen sempre desmentiu e que nunca foi comprovada pelas investigações que se fizeram ao caso.

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Por causa desta acusação, a biografia de Woody Allen viu-se desde o início envolvida em polémica, pois as editoras norte-americanas recusaram-se a publicá-la. Em março, o grupo editorial Hachette, detentor dos direitos de publicação nos Estados Unidos, anunciou que afinal não ia publicar o livro, depois de protestos de funcionários, devido às acusações de abuso sexual de que Woody Allen é alvo, por parte da própria filha, da ex-mulher Mia Farrow e do filho de ambos, Ronan Farrow. Entretanto, a editora Arcade Publishing decidiu avançar com a publicação da autobiografia, e lançou-a no final daquele mês.

Apesar de já ter falado publicamente sobre o assunto, quando em janeiro de 2018 enviou comunicado à CBS negando todas as acusações de abuso sexual, o cineasta retoma o assunto na entrevista com o El País, alegando que não precisava de defender-se e que a história é contada no livro com “objetividade”. “Usei citações de outras pessoas”, diz, referindo-se a investigadores, médicos, juízes e testemunhas. “Nunca me inclui a mim próprio.”

“Quando és inocente essas coisas não importam. Não quis perder o meu tempo a pensar nisso. Não senti que devia uma explicação a ninguém. A investigação concluiu que eu não tinha feito nada, pelo que me centrei no meu trabalho e na minha família. Pensei que era uma perda de tempo dar entrevistas na televisão ou escrever artigos”, continua.

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Segundo a editora, no livro de memórias descrito como “sincero e muitas vezes hilariante”, o realizador, escritor e ator Woody Allen “faz uma viagem pela sua vida tumultuosa”, com um “olhar abrangente e pessoal”, revela a editora.

A narrativa começa na infância, em Brooklyn, e aborda “episódios inéditos, como a sua passagem como escritor num programa de variedades, nos primórdios da televisão”. Tendo trabalhado ao lado de grandes nomes da comédia, o autor fala das dificuldades que teve nos seus primeiros anos como stand-up comedian e do seu percurso até se tornar reconhecido no meio artístico.

“(…) Woody Allen relata a sua passagem para o cinema, com a produção de comédias, e revisita a sua profícua carreira de 60 anos como escritor, produtor e realizador”, segundo a editora. Woody Allen assinou mais de 50 filmes, tendo protagonizado muitos deles, foi galardoado com vários prémios e a sua obra é matéria de estudo em todo o mundo.

Em “A propósito de nada”, o cineasta fala dos seus casamentos, romances e amizades famosas, da música Jazz – uma das suas grandes paixões -, dos seus livros e peças de teatro. Por estas páginas passam também os seus demónios e erros, assim como os seus sucessos, os seus amores, as pessoas com quem se foi cruzando e com quem partilhou várias experiências.