Entre os 45 países mais afetados pelo novo coronavírus nesta altura, dez têm medidas mais relaxadas para conter a pandemia ou aliviaram as medidas sociais restritivas nos últimos tempos (Alemanha, Ucrânia, Estados Unidos, Suíça, Bangladesh, França, Suécia, Irão, Arábia Saudita e Indonésia). Um dos casos que esta avaliação do The Guardian evidencia é o alemão, apontando mesmo que é um dos países que arrisca uma segunda vaga de casos.

A análise do jornal britânico usa os dados que estão a ser recolhidos pela Universidade de Oxford durante esta pandemia e que cruza a informação sobre a Covid-19 nos países do mundo e as medidas dos governos de cada um e as campanhas de sensibilização sobre a pandemia. Além da Alemanha e da Suíça, que tiveram a taxa de reprodução do vírus (o famoso indicador R que mostra a média de contágios por pessoa) a ultrapassar a fasquia 1 durante os últimos dias, também o Irão, a Arábia Saudita e os Estados Unidos da América aparecem no topos destas contas.

Surtos na Alemanha fazem disparar taxa de contágio do novo coronavírus para 1,79

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No sistema de classificação base desta análise, um país é considerado mais “relaxado” caso o seu índice de rigor de medidas for inferior a 70 (num total de 100 pontos, que é a pontuação máxima). E no caso da Alemanha, onde surtos locais fizeram com que a reprodução do novo coronavírus tenha tido uma forte subida na última semana, a pontuação caiu de 73 (no início de maio) para 50.

Nos casos da Arábia Saudita e do Irão, a situação é, no entanto, mais grave, já que estes países estão mesmo a enfrentar segundas vagas do novo vírus, que aconteceram precisamente depois de baixarem o nível das medidas mais restritivas. A Arábia Saudita começou a levantar as medidas mais pesadas no final de maio e foi precisamente a partir do início de junho que se verificou o aumento do número de caso. O mesmo para o Irão, cujas medidas restritivas nunca estiveram ao nível dos outros países citados, mas que desde o meio de junho tem estado a ver aumentar o número de infetados que hoje já são mais de 200 mil.

O mesmo é verificado nos Estados Unidos que também viu a pontuação deste raking cair neste mês, depois de terem surgido surtos locais associados a um relaxamento das medidas em alguns estados do país.

O coordenador do rastreio da Universidade de Oxford, Thomas Hale, refere que os “países atingidos anteriormente na Ásia e na Europa e que conseguiram conter casos alteraram as medidas restritivas rapidamente” e que há muitos países, caso da Índia, que saíram do estado de bloqueio, sobretudo devido aos custos económicos que ele levantou. E conclui: “Muitos países estão a sair do bloqueio antes de ter em conta as recomendações da Organização Mundial de Saúde”.