O bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, defendeu esta terça-feira a necessidade de medidas “mais restritivas” para os aeroportos do continente e uma maior coordenação entre as autoridades de saúde, no âmbito do combate à pandemia da Covid-19.

Em declarações aos jornalistas, no final de uma visita ao hospital Doutor Fernando da Fonseca (Amadora-Sintra), Miguel Guimarães, apontou para o facto de os aeroportos dos arquipélagos dos Açores e da Madeira já terem medidas mais restritivas e de tal ainda não se verificar em Portugal continental.

“A medição da temperatura vale o que vale. Se a pessoa tomar o anti-inflamatório ou o antipirético obviamente que a temperatura vai descer. Os inquéritos são muito importantes, mas se alguém entrar doente aqui e não disser a verdade pode fugir também à verdade”, alertou.

Nesse sentido, o bastonário defendeu a necessidade de se proceder à realização de testes à chegada a território nacional.

“A questão de testes que alguns países estão a adotar à chegada é uma solução interessante e uma solução para nós como país que tem também uma vertente turística muito importante. Isto poderá ser importante para garantirmos que não vão aparecer novos surtos, nomeadamente no Algarve”, sublinhou.

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Miguel Guimarães defendeu, igualmente, a necessidade de existir uma “maior coordenação” entre todas as autoridades de saúde e a realização de mais testes e rastreios.

“Nós temos de fazer mais testes e os testes têm de ter um resultado rápido e temos de fazer um rastreio mais fino, mais apurado para rapidamente identificarmos as pessoas que estão infetadas e as podermos separar daquelas que não estão infetadas, porque senão as pessoas continuam a passar a infeção”, apontou.

Relativamente à coordenação, o bastonário considerou que os profissionais de saúde “devem ser ouvidos” e não apenas aqueles que “têm a teoria”.

“É obrigatório, tal como aconteceu na primeira fase da pandemia, que os profissionais de saúde que estão no terreno sejam ouvidos. Não chega ouvir apenas pessoas que têm a teoria, mas não estão na prática, que não estão no terreno e não estão a saber exatamente aquilo que está a acontecer”, atestou.

A pandemia de Covid-19 já provocou mais de 505.500 mortos e infetou mais de 10,32 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Em Portugal, morreram 1.576 pessoas das 42.141 confirmadas como infetadas, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.