Duarte Cordeiro assume que “não é expectável” que se consigam resolver os problemas estruturais que já existiam “antes da Covid para responder à Covid” e diz compreender críticas de Medina. “Os comentários do presidente da Câmara de Lisboa são absolutamente legítimos”. Para o secretário de Estado dos Assuntos Parlamentar, que também assume as funções de coordenador da região de Lisboa e Vale do Tejo para a gestão da Covid-19, “há-de ter falhado muita coisa na região de Lisboa“, diz em entrevista ao jornal Público.

Cordeiro assume que há um “problema persistente num conjunto de concelhos da Área Metropolitana de Lisboa” na gestão da crise pandémica. Mas acrescenta que até entre os epidemiologistas há mais dúvidas do que certezas. “Há várias possíveis explicações para o facto de Lisboa e Vale do Tejo ter hoje uma persistência relativamente ao resto do país”, explicou.

Incumbido da tarefa de “coordenar os vários serviços do Estado e da região para garantir mais eficácia”, admite que se sentirá “sempre responsável” pelo que venha a correr bem ou mal na região de Lisboa.

Ao Público, também Duarte Cordeiro alerta para o facto do combate à doença ter de ser feito à medida da “realidade,” o que significa que “não é expectável” que se consigam resolver todos os problemas estruturais que já existiam “antes da covid para responder à covid”.

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No entanto, realça que nesta fase, o mais importante não é procurar responsabilidades, “o que importa mesmo é encontrar caminhos e soluções”. Na habitação, por exemplo, antecipa o programa Bairros Saudáveis, que vai ser “supereficiente”. “Sempre dissemos que até Abril de 2024 queríamos eliminar a habitação que não era digna. O Governo tem programas estruturais de fundo para resolver o problema. Inscrevemos uma verba no Orçamento de Estado deste ano que tinha como objetivo começar a lançar os projetos associados a essa problemática concreta dos bairros. São coisas altamente complexas e que demoram muito tempo a ser implementadas”.

Questionado, também, sobre os transportes rodoviários privados em Lisboa, que cobrem as áreas mais criticas, e só estão a laborar a 90%, assegura que a responsabilidade é da Área Metropolitana de Lisboa (pela qual Fernando Medina é responsável) e do Governo — que inscreveu, em sede de orçamento suplementar, a “verba necessária para na AML, mas não só, ser reforçada a oferta”.

Aos seus olhos, a atuação da ministra da Saúde tem sido “muitíssimo positiva, muitíssimo boa”. Marta Temido, diz Duarte Cordeiro, “é superdedicada“. “Tem uma resistência extraordinária ao que temos vivido”, acrescentando que se trata de um período “longuíssimo de tempo do ponto de vista de resposta”.

E apesar das falhas, Duarte Cordeiro reafirma que as prioridades do Governo foram garantidas, como seja a “proteção dos mais frágeis, dos profissionais de saúde”, ou da estabilidade do Serviço Nacional de Saúde, que não entrou em rutura, ou até das “taxas de mortalidade baixas”. Olhando para estas variáveis, que sempre foram as “mais importantes”, como explica o coordenador, e “olhando para o território de Lisboa”, “muito honestamente, não consigo perceber qual destas variáveis está posta em causa e em que é que não temos tido sucesso no combate à pandemia”, conclui.