Ainda como líder da oposição, em 2014, António Costa apresentou aquele que era o seu plano para o país para os próximos 10 anos: a Agenda para a Década. Rui Rio vai agora fazer o mesmo com o seu próprio plano de médio-longo prazo, que será apresentado entre o final setembro e outubro. O presidente do Conselho Estratégico Nacional (CEN), Joaquim Miranda Sarmento, afirmou ao Observador que aquele organismo irá ter um “programa estratégico para a década“, que irá depender daquilo que “for a resposta europeia” à crise provocada pela pandemia de Covid-19. O objetivo do PSD é ter um plano, alternativo ao do governo socialista, para executar no dia em que chegar ao governo.
Joaquim Miranda Sarmento explica ao Observador que este documento irá passar “basicamente por pegar no programa eleitoral e adaptá-lo” à nova realidade e àquilo que será o peso do apoio comunitário. Embora a admita que a ideia é ter um plano de longo prazo tal como o PS fez na oposição há cinco anos, o presidente do CEN adverte que em relação a 2014/2015, quando Costa gizou esse plano, há uma “grande diferença: o nível de incerteza é muito grande, sendo impossível prever em setembro o que irá acontecer cinco anos depois”. Apesar disso, o documento vai ter um “horizonte temporal” que abrange a década com “prioridades e objetivos para 2030”.
As atualizações ao programa eleitoral do PSD de 2019 serão feitas mais “na área económica”, uma vez que outro tipo de políticas como “a violência doméstica ou a sinistralidade rodoviária” não carecem de atualizações face ao que foi proposto no ano das legislativas.
Apesar disso, ao contrário do que fez quando apresentou o cenário macroeconómico, o PSD não vai apresentar as suas próprias previsões (para o crescimento do PIB, para o défice, entre outros cenários), tendo em conta a imprevisibilidade da situação económica e social. “Se nem o governo se atreve em ter plano para 2021, imagine nós com menos informação”, afirma Joaquim Miranda Sarmento.
Na sexta-feira, no programa Vichyssoise, da Rádio Observador, Joaquim Miranda Sarmento já tinha explicado que o CEN irá centralizar aquilo que são o programa, as medidas e as propostas do PSD para as várias áreas de governação do país, estando em permanente atualização.
Se a ideia de criar estados da nação sectoriais — em diplomas que serão votados no dia 23 de julho — for aprovada, o CEN terá também como função munir o partido nessas áreas, como a Saúde ou a Justiça.
O CEN está a atuar com um calendário de três fases. A primeira foi de emergência, a 4 de abril, em que foram apresentadas 15 medidas direcionadas para a liquidez e crédito de empresas e rendimento das famílias. Depois disso, a 3 de junho, foi apresentado um programa de recuperação económica com diferentes medidas para vários setores da economia. Depois virá então a terceira fase, que tem como objetivo consolidar a recuperação económica e recuperar o PIB de 2019. Paralelamente, será também elaborado um plano estratégico para a década.