Entre janeiro e junho de 2020 houve, no Serviço Nacional de Saúde, 8,112 milhões de horas a mais do que horário normal de trabalho, mais 1,163 milhões de horas do que em igual período do ano passado, segundo o Jornal de Notícias. Quase metade das horas desse trabalho suplementar (470 mil) foram realizadas só no mês de maio.

O custo das horas suplementares poderia ser investido na contratação de mais profissionais de saúde, defende o bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães. “Em 2019, foram mais de seis milhões de horas extraordinárias [apenas médicos]. O que se gastou [mais de 100 milhões] dava para contratar cerca de 5.500 médicos como assistentes hospitalares em regime de 40 horas semanais.”

A maior carga de trabalho devido à pandemia, que ainda poderá ser agravada quando se começarem a restabelecer os restantes serviços de saúde — só entre março e maio foram canceladas quatro milhões de consultas —, está a provocar o esgotamento dos profissionais de saúde que se reflete depois num aumento dos dias de ausência ao trabalho: 2,744 milhões de dias no primeiro semestre, mais 30% do que em período homólogo de 2019. Só em junho, os motivos de doença representavam 53% dos casos.

“Tivemos sempre uma falta crónica de enfermeiros e a pandemia veio obrigar a um esforço complementar”, disse a bastonária da Ordem dos Enfermeiros, Ana Rita Cavaco, ao Jornal de Notícias.

A par dos bastonários, o presidente da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares, Alexandre Lourenço, diz que é preciso “planeamento da resposta, com novos modelos de organização e interação entre as instituições do SNS”. Só assim se conseguirá dar resposta à pandemia e às restantes situações de saúde.

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