Os Estados Unidos mostraram-se esta terça-feira preocupados com a “liberdade de expressão” na Guiné-Bissau e o afastamento de responsáveis locais pelo combate ao tráfico de droga, que, consideram estavam a ter “resultados extraordinários”.

Em conferência de imprensa telefónica, Heather Merritt, adjunta do secretário de Estado para o Gabinete para os Narcóticos Internacionais, disse que Washington está preocupada com “questões da liberdade de expressão” no país e tem dúvidas sobre os esforços no combate ao tráfico de droga.

“A Guiné-Bissau é um dos pontos que o EUA está atento. Foi um problema durante muitos anos como palco do narcotráfico” e “estamos preocupados com o tipo de governo que está a ter e com o esforço que ele está a fazer ou não para prevenir o tráfico de droga”, disse.

Em causa, explicou Heather Merritt, está a demissão da ministra da Justiça, Rute Monteiro, e da diretora da Polícia Judiciária, Filomena Lopes, substituídas por membros do atual Governo, liderado por Nuno Nabian.

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Esses responsáveis “tiveram resultados extraordinários” no combate ao tráfico de droga, recordou Heather Merritt.

Durante a direção de Filomena Lopes, a Polícia Judiciária guineense apreendeu mais de duas toneladas de cocaína, processos que foram concluídos já este ano com a condenação dos principais suspeitos, um resultado judicial que Heather Merritt classificou como “grande vitória no combate à droga” e “um exemplo” para outros países.

Já a ex-ministra da Justiça Rute Monteiro está atualmente em Portugal depois de ter denunciado perseguição pelas atuais autoridades no país.

Em paralelo, os Estados Unidos estão preocupados com a “liberdade de expressão” no país, disse a adjunta do secretário de Estado norte-americano, sem dar mais pormenores.

Os EUA reconheceram Umaro Sissoco Embaló como Presidente do país, na sequência das eleições presidenciais de dezembro de 2019. O atual primeiro-ministro, Nuno Nabian, foi nomeado pelo chefe de Estado e o programa de Governo acabou por ser viabilizado pelo parlamento, após várias polémicas.

A África Ocidental, explicou Heather Merritt, é hoje uma “plataforma de entrada” de cocaína vinda da América do Sul, como provam “as apreensões recorde feitas em Cabo Verde”.

Essas drogas “financiam o crime organizado” nos países da região e do Golfo da Guiné, bem como “redes de terrorismo”, acrescentou a responsável norte-americana.