Rui Rio reagiu à investigação do Público, sobre a venda dos imóveis do Novo Banco — ou o “banco bom”, como chegou a ser chamado. “Isto é gozar com os portugueses.” E diz que o Governo esteve mal porque não verificou se as perdas anunciadas pelo banco eram reais ou não. Para a comunicação social, de que tantas vezes é crítico, uma palavra de apreço pela exposição do assunto.

“Se isto que hoje vem no Público é como lá está, é mais grave do que eu pensava”, diz o líder do PSD assumindo que se tem batido por este dossier. “Pessoalmente não posso afirmar que tudo isto é verdade, mas suspeito que tudo isto anda próximo da verdade.”

Em causa está a venda de casas, pelo Novo Banco, abaixo do preço de mercado a um fundo das ilhas Caimão. Além disso, o banco terá emprestado o dinheiro para se fazer essa compra. O prejuízo resultante foi coberto pelo Fundo de Resolução.

As cinco empresas que terão comprado os mais de 5.500 imóveis, diz Rui Rio, “mais não são do que testas de ferro de um fundo offshore“. Os imóveis vendidos a preços “baratíssimos”, significaram largas perdas para os contribuintes portugueses “que vieram depois a pagar essas perdas”.

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Novo Banco vendeu casas a fundo das Caimão e emprestou dinheiro para financiar compra — Fundo de Resolução pagou prejuízo da operação

O facto de o Novo Banco emprestar dinheiro a quem vai comprar os próprios imóveis, Rui Rio classifica de um negócio de “praticamente risco zero e com ganho garantido”. Um ganho para o banco e uma perda para todos os contribuintes estimada em “260 milhões de euros de impostos que pagamos para o Novo Banco andar — não sabemos —, mas aparentemente andar a fazer isto”.

“Parece que é tudo feito para vender barato, tudo feito para perder, para dar mais valias a alguém e o contribuinte português a pagar”, crítica Rui Rio, por os 5.500 imóveis terem sido vendidos em lote em vez de separados em lotes mais pequenos que permitissem aumentar o preço. “Se isto é verdade, é gravíssimo.”

O líder do PSD volta a criticar o Governo por não garantir que os milhões de euros “dos nossos impostos” pagos ao Novo Banco eram devidos ou se eram “fruto de negócios, que podem ser ilegais, podem ser criminosos, mas seguramente são eticamente reprováveis”. “O Governo devia ter tido o cuidado de aferir antes de pagar.”

“O Governo pagou pura e simplesmente e agora vai correr atrás do prejuízo. Só que o prejuízo não é do Governo, é de todos os portugueses”, diz Rui Rio.

Rui Rio diz que agora está nas mãos do Ministério Público verificar se estas acusações são verdadeiras. É que, supostamente, o “banco bom” — por oposição ao BES, o banco tóxico —, aquele que não ia dar problemas, “dá um prejuízo deste tamanho e, ainda por cima, com estes contornos”. A investigação, defende o líder do PSD, deve ser feita deste o momento do contrato de venda à Lone Star e “tudo o que depois acontece em cima desse contrato de venda”. E acrescenta que a auditoria que está a ser feita não substitui uma investigação judicial.

Além disso, o líder do PSD defende também uma investigação política — depois das férias do verão — para aferir a responsabilidade política do Governo. “O Governo assume: recebia a fatura e entregava o dinheiro.”

Atualizado às 16h50