Um tribunal londrino, depois de ouvir o Instituto de Propriedade Intelectual do Reino Unido, deu luz verde ao recém-apresentado Ineos Grenadier, um jipe puro e duro que nasceu com o propósito de ressuscitar o antigo Defender e que, recorde-se, chegou a ter planeada a produção do chassi em Portugal, mais concretamente em Estarreja.
A Land Rover não apreciou a ideia deste regresso ao passado, seja porque o Grenadier se assume comercialmente como uma reinterpretação moderna do clássico modelo, seja porque a nova geração do Defender está em plena fase de lançamento. Como tal, o fabricante britânico controlado pelos indianos da Tata Motors interpôs uma acção contra a Ineos Automotive, o jovem fabricante britânico criado justamente com o intuito de ressuscitar o icónico 4×4.
Saudades do antigo Defender? Aqui está o novo Ineos Grenadier 4×4
Ao mover um processo judicial, alegando semelhanças entre o Defender produzido até 2016 e o novo Grenadier, a Land Rover pretendia impedir a comercialização do jipe da Ineos. Em linha, aliás, com a vitória judicial (histórica) que teve na China, quando conseguiu que a justiça local proibisse as vendas da cópia do Evoque.
Porém, agora a “jogar em casa”, a Land Rover perdeu para a também britânica Ineos. Tudo porque, uma vez auscultado o Instituto de Propriedade Intelectual do Reino Unido, este declarou que as formas do antigo Land Rover Defender não eram suficientemente distintas a ponto de poderem ser consideradas marca registada. Como tal, mesmo admitindo semelhanças entre o antigo Defender e o “Defender” da Ineos, no entender do tribunal, não se coloca a questão do Grenadier violar os direitos da Land Rover.
As reacções de ambas as partes não se fizeram esperar. Em comunicado, a Ineos congratulou-se com a decisão, realçando que esta vem confirmar que “as formas do Defender não podem servir como um emblema para modelos de origem Jaguar Land Rover (JLR)”. Já a JLR diz-se desapontada com a deliberação judicial, assegurando que as formas do Defender foram registadas em vários mercados e realçando que, em qualquer parte do mundo, essas mesmas formas são “únicas e imediatamente reconhecíveis como um Land Rover”.
Com esta decisão, a Ineos pode agora comercializar o Grenadier sem qualquer obstáculo jurídico. Recorde-se que o jovem construtor britânico foi criado pelo milionário Jim Ratcliffe, um fã do antigo Defender, que tentou obter junto da Land Rover o direito de voltar a produzir o emblemático todo-o-terreno, depois de a marca o ter descontinuado. A Land Rover recusou o negócio, mas o empresário – que é considerado o homem mais rico do Reino Unido – não se deu por vencido e tratou de avançar com um plano B, o Grenadier. Além de vir a ser proposto com carroçaria fechada, o modelo dará ainda origem a uma pick-up, estando a chegada da primeira variante agendada para 2021.
Originalmente parte da produção passaria por Portugal, nomeadamente o chassi projectado pela austríaca Magna Steyr, e também pelo País de Gales, mas esses planos foram suspensos quando a Daimler fez saber que estava vendedora da fábrica da Smart em França.