O suspeito de ter ateado o fogo que teve início em Valongo e se estendeu a Santo Tirso, tendo vitimado dezenas de animais, ficou em prisão preventiva, indicou à Lusa fonte da Polícia Judiciária (PJ).
O Tribunal de Instrução Criminal determinou a prisão preventiva do homem de 29 anos que foi detido quarta-feira pela PJ em Sobrado, concelho de Valongo, e que é suspeito de ter ateado o fogo que a meio de julho atingiu dois canis ilegais na Agrela, freguesia do concelho de Santo Tirso.
De acordo com fonte da PJ, a medida de coação foi determinada depois de o suspeito ter sido presente a primeiro interrogatório judicial nesta quinta-feira.
Esta decisão acontece um dia depois da PJ, em conferência de imprensa, ter revelado que estava “convencida” de que o autor do fogo que vitimou os animais é um eletricista com antecedentes policiais “socialmente integrado”, mas que é suspeito de ter ateado “mais três dezenas de fogos” na mesma área geográfica.
“O início desse incêndio – que depois tomou os abrigos [de animais na serra da Agrela, em Santo Tirso], e levou à morte daqueles animais – ocorreu exatamente naquela que era a zona de atuação do suspeito [detido hoje]. E o local onde começou, a forma como começou e alguns elementos que ligam a presença dele naquele local nos momentos que antecederam o início da ignição, faz-nos convencer que esse terá sido também um dos incêndios que tiveram origem no comportamento dele”, disse na quarta-feira à tarde o diretor da Diretoria Norte da PJ, Norberto Martins.
No entanto, o diretor da Diretoria Norte da PJ procurou sublinhar que a investigação está em curso.
“Mas a investigação é difícil e complexa (…). Estamos convencidos de que terá sido ele, mas carece de outros elementos para consubstanciar a nossa suspeita”, disse o diretor, que falava aos jornalistas nas instalações do Porto da PJ.
Norberto Martins contou que o suspeito, que foi detido em flagrante em Sobrado, no concelho de Valongo, após ter dado início a um incêndio junto ao kartódromo de Baltar, no concelho de Paredes, usa como método de ignição um isqueiro e material altamente inflamável e apresenta “comportamento erráticos”.
O cerco ao homem detido começou há “mais de um mês”, contou também o diretor da PJ e “há vários dias” que “vários elementos” das forças policiais estavam no local a investigar o comportamento deste suspeito.
As causas e características do incêndio de Santo Tirso já levou à abertura de um inquérito pelo Ministério Público e à contestação sobre a atuação das autoridades de socorro.
A ministra da Agricultura designou na terça-feira, em regime de substituição, Susana Pombo como diretora-geral de Alimentação e Veterinária, na sequência da demissão de Fernando Bernardo, após críticas do primeiro-ministro, António Costa, ao trabalho da Direção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV) no âmbito do incêndio em Santo Tirso.
Entretanto, o Governo já admitiu estar a estudar a transferência da tutela dos animais domésticos para o Ministério do Ambiente.
“Estamos a estudar e, nesta altura, será prematuro assumir outro tipo de compromisso publicamente”, afirmou à agência Lusa a titular da pasta da Agricultura, Maria do Céu Antunes, na passada sexta-feira.
A DGAV é um serviço central da administração direta do Estado, com autonomia administrativa.
Paralelamente, na quinta-feira, ouvido, por videochamada, na Comissão de Agricultura e Mar, a pedido do PAN, o presidente da câmara de Santo Tirso afirmou que só nos “últimos dias” teve conhecimento da notificação de 2012 da DGAV de encerramento do abrigo ilegal atingido pelo incêndio de 18 de julho.
Numa outra audição, a requerimento do Bloco de Esquerda, realizada no mesmo dia, a Associação Portuguesa de Busca e Salvamento (APBS) afirmou que já se encontrava “em rescaldo” o incêndio em Santo Tirso que matou dezenas de cães, assegurando que teria salvado animais, caso não tivesse sido impedida de agir.
Na sequência do incêndio do fim de semana de 18 e 19 de julho, que deflagrou no concelho de Valongo, mas que se propagou até à serra da Agrela, no concelho vizinho de Santo Tirso, no distrito do Porto, morreram sete dezenas e meia de animais instalados em abrigos ilegais e 190 foram resgatados com vida, tendo sido acolhidos por associações, particulares e canis municipais.