Os alertas sobre desflorestação na Amazónia brasileira aumentaram 34,5% em doze meses contados entre julho deste ano e o mesmo mês de 2019, segundo relatório divulgado esta sexta-feira pelo Instituto de Pesquisas Espaciais (INPE).

De acordo com o INPE, órgão submetido ao Ministério da Ciência e Tecnologia do Brasil, nos últimos doze meses esses alertas cobriram um total de 9.205 quilómetros quadrados dentro da maior floresta tropical do mundo.

O número supera os alertas registados no período anterior, que detetaram risco de desflorestação em 6.844 quilómetros quadrados da floresta até julho de 2019, ano em que a Amazónia sofreu os piores incêndios numa década.

Segundo o INPE, os chamados “alertas de desflorestação” permitem que os órgãos ambientais do Estado reforcem o controlo nessas áreas, monitoradas por satélites, mas não indicam necessariamente um dado específico de perda de vegetação.

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Mesmo assim, o aumento dos alertas indicia que a desflorestação e os incêndios na Amazónia brasileira podem ser ainda mais graves nesta temporada do que foram no ano passado, quando a devastação daquela região alarmou o mundo.

Os dados divulgados nesta sexta-feira somam-se a outros relatórios oficiais recentes, que mostram um aumento acentuado dos incêndios na Amazónia brasileira.

Em comunicado, o Observatório do Clima, uma aliança de organizações da sociedade civil brasileira para discutir mudanças climáticas, criticou a política governamental que considerou ser responsável pela devastação acelerada da mais importante floresta tropical do planeta.

A explosão do desmatamento na Amazónia tem como causa importante o discurso do Presidente da República, que deslegitima a fiscalização ambiental ao mesmo tempo em que estimula a ocupação da região em modelo predatório”, frisou Suely Araújo, especialista sénior em Políticas Públicas do Observatório do Clima.

“Se quisesse controlar o desflorestamento, e essa realmente não parece ser a intenção, o Governo retomaria o Plano de Prevenção e Controlo do Desmatamento na Amazónia e reforçaria a atuação do Ibama [Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis] de outros órgãos ambientais, no lugar de gastar dinheiro com a atuação teatral das Forças Armadas”, acrescentou.

O Governo brasileiro tem sido pressionado a fortalecer a supervisão e proteção da Amazónia até mesmo por fundos de investimento globais, que ameaçaram rever suas posições no Brasil se a devastação não for interrompida.

O vice-presidente do país, Hamilton Mourão, que coordena um conselho intergovernamental para a Amazónia, comprometeu-se a melhorar as políticas para a região, que neste ano incluíram a mobilização de 4.000 militares das Forças Armadas, para patrulhar a região e conter crimes ambientais.

A Amazónia é a maior floresta tropical do mundo e possui a maior biodiversidade registada numa área do planeta.

Tem cerca de 5,5 milhões de quilómetros quadrados e inclui territórios do Brasil, Peru, Colômbia, Venezuela, Equador, Bolívia, Guiana, Suriname e Guiana Francesa (pertencente à França).