Portugal vai receber 6,9 milhões de vacinas contra a Covid-19 da farmacêutica AstraZeneca, desenvolvidas em parceria com a Universidade de Oxford, caso estas se provem eficazes, avançou a TSF e confirmou o Observador. A primeira remessa, de 690 mil vacinas, pode chegar já em dezembro, segundo a Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde (Infarmed).

Os 6,9 milhões de vacinas representam a quota a que Portugal tem direito no âmbito do lote de 300 milhões de vacinas que foi reservado pela União Europeia à farmacêutica AstraZeneca.

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Segundo o Infarmed, “Portugal é um dos países europeus que irá beneficiar desta aquisição conjunta”. Mas acrescenta que estão em curso “outros processos de negociação para a aquisição de vacinas para a Covid-19”. “Com esta adesão, e uma vez que as vacinas serão distribuídas proporcionalmente, conforme o número de habitantes por país, Portugal receberá um total de 6,9 milhões de vacinas, distribuídas a partir de dezembro, com uma primeira aquisição de cerca de 690 mil vacinas”, adianta o Infarmed.

As vacinas serão adquiridas pelos países da União Europeia, “com parte do valor a ser financiado pelo Instrumento de Apoio de Emergência da Comissão Europeia”. Não foram revelados preços.

A Comissão Europeia já tinha anunciado a aquisição de 300 milhões de vacinas à AstraZeneca, caso as mesmas se revelem eficazes contra o novo coronavírus. Em comunicado, o executivo comunitário informou que continua a negociar com outros fabricantes de vacinas.

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A candidata a vacina da AstraZeneca já se encontra na Fase II/III de ensaios clínicos em larga escala, depois de ter tido resultados promissores na Fase I/II no que toca à segurança e à imunogenicidade.

“Vacina de Oxford” teve resultados preliminares “promissores”

A “vacina de Oxford”, como é conhecida, teve resultados preliminares “promissores” num ensaio de fase I que envolveu 1.077 voluntários entre os 18 e os 55 anos, e cujas conclusões foram publicadas em julho na revista The Lancet. Os investigadores apontaram que a vacina mostrou ser segura. E em cerca de 90% dos casos, as pessoas desenvolveram anticorpos.

“Este estudo — por isso é que todo o mundo está muito animado — mostrou que a vacina é segura. Foram vacinadas cerca de mil pessoas e a vacina mostrou-se muito segura. Além disso, mostrou ser muito imunogénica, isto é, produz uma boa resposta imunológica, tanto com formação de anticorpos como de imunidade do tipo celular [glóbulos brancos específicos]”, disse à Rádio Observador Lily Yin Weckx, coordenadora da fase III do ensaio clínico no Brasil e investigadora na Universidade Federal de São Paulo.

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“O que chamou a atenção nesses primeiros dados é que se deu a um subgrupo pequeno de participantes uma segunda dose e que a segunda dose mostrou uma resposta ainda melhor. Isso poderá levar a estudos para avaliar se há realmente benefícios em dar duas doses”, acrescentou.

Outra dúvida é se o anticorpos criados com a vacina “vão ser capazes de proteger contra a doença, essa é outra fase do estudo. O facto de se produzir anticorpos é um dado muito, muito positivo, porque todas as vacinas começam com uma resposta imune, é a base para se continuar. Se tem uma resposta imune boa, muito provavelmente vai proteger”. O estudo mostrou que a produção de anticorpos se “dá ao final de, mais ou menos, um mês”. “Quanto tempo vão durar? Ainda não sabemos.”

O Brasil é um dos países que vai participar num ensaio de fase III da mesma vacina. Os voluntários são profissionais de saúde e outros que tenham contactado com doentes infetados, indireta ou indiretamente. São todos adultos com menos de 55 anos. Lily Yin Weckx disse, no final de julho, que os voluntários começaram a ser vacinados um mês antes, pelo que ainda é incerto quando poderá haver resultados.

Ainda assim, a investigadora arriscou dizer que no final do ano podemos começar já a fazer uma utilização da vacina. “Se, com o tempo, se conseguir juntar dados, fazer uma análise, se os dados forem positivos, pode ter-se uma licença para uso de emergência.”

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A vacina de Oxford, desenvolvida em parceria com a AstraZeneca, é considerada pela Organização Mundial da Saúde como uma das mais fortes candidatas ao sucesso de entre as 149 que estão a ser desenvolvidas um pouco por todo o mundo.

No início de julho, Sarah Gilbert, investigadora que lidera a equipa britânica, disse ao Comité de Ciência e Tecnologia da Câmara dos Comuns no Reino Unido que a vacina, pode vir a ser eficaz durante “vários anos”. Segundo o espanhol ABC, a investigadora também confirmou que os testes realizados até agora estão a apresentar resultados “promissores”, já que se está a observar uma “resposta imune correta”.

Sarah Gilbert explicou que a vacina em questão será capaz de fornecer “melhor proteção do que a imunidade natural” que qualquer paciente recuperado de covid-19 possa desenvolver. Mesmo assim ressalvou que ainda não é possível dar uma data específica para a conclusão dos estudos e consequente fim do processo de desenvolvimento da vacina. O Governo britânico está otimista, mesmo assim, e indica que provavelmente em setembro ou outubro já será possível iniciar a produção da vacina.

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